Política
‘Rui Costa, Genocida’? Alden relembra escândalo dos respiradores
Deputado volta a criticar compras feitas pelo Consórcio Nordeste na pandemia e questiona conduta do ministro da Casa Civil.
O deputado federal Capitão Alden (PL-BA), vice-líder da oposição na Câmara, reacendeu o debate sobre as suspeitas de irregularidades nas compras emergenciais de respiradores realizadas pelo Consórcio Nordeste durante a pandemia de COVID-19. Em discurso nesta segunda-feira (28), Alden responsabilizou diretamente Rui Costa (PT), ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil, pelas falhas que, segundo ele, resultaram na perda de milhões de reais e vidas humanas.
“Fui o primeiro parlamentar do Brasil a denunciar o Consórcio Nordeste. Em maio de 2020, alertei o TCE sobre os superfaturamentos. As compras somam mais de R$ 264 milhões”, afirmou Alden.
Ele destacou que a empresa Hempcare, envolvida em um dos contratos, recebeu R$ 49 milhões sem entregar os respiradores. “Ainda há contratos com a Ocean 26 e a Pulsar Development. Na época, solicitei uma CPI na Assembleia da Bahia, mas fui ignorado”, acrescentou.
Alden foi enfático ao afirmar que “milhares de pessoas morreram sem tratamento” e lançou um questionamento direto: “Não seria Rui Costa o verdadeiro genocida?”.
O parlamentar reforçou seu compromisso no combate à corrupção e lembrou que sua atuação vem desde os primeiros sinais de desvio na gestão de recursos públicos pelo consórcio.
Lobista dizia ter influência no governo Rui Costa em contrato de respiradores
O caso voltou aos holofotes após a revelação de diálogos obtidos pela Polícia Federal (PF), mostrando que o lobista Cleber Isaac alegava ter influência direta no governo de Rui Costa para intermediar o contrato com a Hempcare. Segundo investigação recente, parte dos R$ 11 milhões em comissões pode ter sido utilizada como propina a agentes públicos.
O lobista Cleber Isaac / Foto: Reprodução
Em uma das mensagens via WhatsApp, Cleber teria dito: “O governo nunca saberia de vocês sem eu indicar”, ressaltando um “relacionamento de 10 anos” com integrantes do alto escalão estadual. As mensagens são consideradas provas de que houve articulação política no contrato fraudulento.
Apesar dos indícios, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu arquivar o processo contra Rui Costa e Carlos Gabas, ex-secretário-executivo do consórcio. A Corte inocentou ambos por 5 votos a 2, responsabilizando apenas a Hempcare. O relator do processo, ministro Jorge Oliveira, votou por uma Tomada de Contas Especial também contra os gestores, mas foi voto vencido.
O contrato em questão foi pago integralmente e de forma antecipada, sem garantias mínimas, fato apontado como falha grave pela área técnica do TCU. Parte dos recursos (R$ 4,9 milhões) era federal, vindos das cotas dos estados da Paraíba e Sergipe.
O Consórcio Nordeste era presidido por Rui Costa, ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil de Luiz Inácio Lula da Silva.