Política
Aliados de Lula articulam candidatura própria ao Planalto em 2026
Mesmo com ministérios no governo, PP, MDB, União Brasil, PSD e Republicanos montam frente de centro-direita para disputar a Presidência contra o PT
Cinco partidos que integram atualmente o primeiro escalão do governo Lula se movimentam para lançar uma candidatura alternativa à Presidência da República em 2026, seja para enfrentar uma eventual tentativa de reeleição de Lula ou impedir a ascensão de um nome apoiado por ele.
A frente é formada por PP, MDB, União Brasil, PSD e Republicanos, que, juntos, controlam 11 ministérios, além de posições estratégicas como o comando da Caixa Econômica Federal e cargos de destaque em diversos órgãos da administração federal.
União Brasil e PP, inclusive, formalizaram uma federação partidária com expressiva base política: 109 deputados federais, 14 senadores, seis governadores, 1.330 prefeitos e quase R$ 1 bilhão de fundo partidário. MDB e Republicanos já discutem estrutura semelhante, enquanto o PSD demonstra simpatia pela união.
Apesar de ocuparem espaços-chave no governo federal, as cúpulas dessas legendas têm sinalizado que não apoiarão uma candidatura petista em 2026. A decisão de permanecer nos cargos, mesmo com essa oposição velada, é uma estratégia calculada. Os partidos afirmam que só sairão do governo se forem retirados por Lula, conscientes da fragilidade política atual do presidente e de sua limitação para promover uma ruptura com essa base.
Esse cenário ajuda a explicar a dificuldade do presidente em promover a prometida reforma ministerial. Com a centro-direita já se organizando para as próximas eleições presidenciais, estaduais e legislativas, a ampliação da presença desses partidos no governo se torna um risco político, e não uma solução.
Mais do que simples divergência, trata-se de um rompimento silencioso, com os partidos mantendo aparente lealdade institucional enquanto, nos bastidores, buscam nomes viáveis para disputar a Presidência em 2026. A postura tem como objetivo não apenas evitar desgastes com o eleitorado bolsonarista, mas também atraí-lo para uma nova alternativa de centro-direita, que possa competir com força nacional.
Enquanto isso, Lula se vê encurralado por uma base artificial, sustentada por alianças pragmáticas e sem coesão ideológica. A crise interna aponta para um cenário eleitoral fragmentado, no qual a construção de uma candidatura unificadora de centro-direita pode ser determinante.