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Israel ataca instalações nucleares no Irã e mata chefe da Guarda Revolucionária

Em ofensiva sem precedentes, governo Netanyahu mira cientistas e militares iranianos; tensão com Teerã aproxima Oriente Médio de guerra total

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Imagem mostra bombardeios de Israel contra a capital do Irã, Teerã - 12.jun.25/Reprodução

Em uma das mais graves escaladas do conflito no Oriente Médio nas últimas décadas, Israel lançou uma ofensiva aérea contra o Irã na noite desta quinta-feira (12), atingindo instalações nucleares, bairros militares e alvos estratégicos em Teerã e outras regiões. A operação foi confirmada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que classificou o momento como “decisivo na história de Israel”.

Entre os alvos atacados está o complexo de Natanz, uma das principais bases de enriquecimento de urânio do Irã. Segundo a mídia estatal iraniana, o ataque provocou explosões, incêndios e deixou mortos, inclusive o chefe da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami, além de dois cientistas nucleares de destaque: Fereydoun Abbasi-Davani e Mohammad Mehdi Tehranchi.

“Atacamos o coração do programa nuclear iraniano. Nossa luta não é contra o povo do Irã, mas contra sua ditadura”, disse Netanyahu em pronunciamento oficial. Ele anunciou ainda a convocação de milhares de reservistas e o início da operação batizada de “Leão em Ascensão”.

A televisão iraniana confirmou que áreas residenciais foram atingidas, inclusive o bairro de Shahrak Shahid Mahalati, onde vivem altos comandantes militares. Três prédios teriam sido destruídos e há relatos de crianças entre as vítimas fatais. As defesas aéreas do Irã estão em alerta máximo, e o clima é de tensão generalizada no país.

EUA fora da operação, mas atentos

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o país não participou do ataque, mas alertou que irá proteger seus interesses e pessoal na região. O presidente Donald Trump, que retomou o poder em 2024, convocou uma reunião emergencial de gabinete e voltou a defender uma solução diplomática com o Irã, ainda que tenha dito que o ataque israelense “poderia muito bem acontecer” nos últimos dias.

Apesar da distância oficial, Israel conta com o apoio estratégico dos EUA e espera respaldo militar em caso de retaliação iraniana.

Guerra à vista e estado de emergência em Israel

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou emergência nacional. Escolas, universidades e reuniões públicas foram suspensas, e o espaço aéreo israelense foi fechado. A expectativa é de que o Irã lance mísseis e drones contra o território israelense nas próximas horas ou dias.

De acordo com as Forças Armadas de Israel, o Irã possui material físsil suficiente para produzir até 15 bombas nucleares em poucos dias, o que explicaria o caráter preventivo da ofensiva.

Contexto: fracasso diplomático e tensão nuclear

O ataque ocorre em meio ao fracasso das negociações nucleares entre EUA e Irã, intensificado após a retirada americana do acordo nuclear de 2015, durante o primeiro mandato de Trump. Nesta semana, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acusou formalmente o Irã de violar suas obrigações de não proliferação, após Teerã anunciar a criação de uma terceira usina de enriquecimento de urânio, sem informar a localização.

A deterioração das negociações levou os EUA a reduzir sua presença diplomática em países do Oriente Médio, como Iraque, Bahrein e Kuwait, em preparação para uma possível escalada regional.

Risco regional e resposta iraniana

O Irã, que financia grupos como o Hezbollah e o Hamas, já prometeu retaliação “proporcional e devastadora”. O temor é que a guerra se amplie, atingindo Líbano, Síria e a Faixa de Gaza, onde Israel já mantém uma operação militar há quase dois anos, com mais de 50 mil mortos palestinos.

O ataque desta quinta-feira marca a primeira vez em que instalações nucleares subterrâneas foram diretamente bombardeadas, elevando o risco de uma guerra total entre as duas potências regionais.

Redação Saiba+

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