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Ataques a Hugo Motta durante ato pró-anistia dificultam avanço do projeto no Congresso, dizem adversários

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou que as críticas dirigidas a Motta, feitas por lideranças como o pastor Silas Malafaia, representam “um tiro no pé”

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Ex-presidente Jair Bolsonaro durante manifestação em Copacabana - REUTERS/Pilar Olivares

A manifestação promovida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (6), na Avenida Paulista, gerou forte reação entre parlamentares da base governista e ministros do governo Lula (PT), especialmente após os ataques públicos ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Para adversários do ex-presidente, o ato teve efeito contrário ao desejado e pode enterrar de vez o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou que as críticas dirigidas a Motta, feitas por lideranças como o pastor Silas Malafaia, representam “um tiro no pé” e devem ampliar o isolamento do bolsonarismo no Parlamento. “Ou alguém acha que, depois desses ataques, quase uma política de intimidação grosseira, Hugo Motta vai pautar esse projeto?”, questionou o petista.

Nos bastidores, interlocutores do governo avaliam que Motta ficaria desmoralizado caso ceda à pressão, o que poderia desgastar ainda mais sua relação com o STF e criar uma nova crise institucional. No evento, Malafaia afirmou que o presidente da Câmara “está envergonhando o povo da Paraíba” por não definir uma posição sobre o tema.

Reação do governo e números abaixo do esperado

Ministros do governo federal também se manifestaram nas redes sociais. O titular da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, chamou o ato de “Parada Brasil do Atraso” e acusou a extrema-direita de promover uma agenda “desvirtuada das demandas reais do país”. Já a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou a tentativa de anistiar os condenados e reforçou que “a maioria do povo brasileiro não apoia ataques ao STF nem à Câmara”.

Segundo levantamento do Monitor do Debate Político da USP, o ato reuniu 44,9 mil pessoas. Já o Datafolha estimou o público em 55 mil, número bem inferior ao projetado por aliados de Bolsonaro, que falavam em 1 milhão de participantes.

Opinião pública contrária à anistia

Uma pesquisa da Quaest, divulgada também neste domingo, apontou que 56% dos brasileiros se dizem contra a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Já levantamento do Datafolha indicou que 67% da população acredita que Bolsonaro deveria desistir de disputar as eleições de 2026 e apoiar outro nome.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, afirmou que o evento não passou de uma “apologia àqueles que cometeram crimes contra a Constituição”, reforçando a leitura de que o bolsonarismo segue minoritário e isolado.

Redação Saiba+

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