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Daniel Noboa é reeleito presidente do Equador com discurso de combate ao crime

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Foto: AFP

Empresário liberal e político de perfil outsider, Daniel Noboa foi reeleito neste domingo (13) como presidente do Equador, derrotando a candidata correísta Luisa González em um pleito marcado por tensão política e contestações sobre o resultado. Noboa obteve 55% dos votos válidos, contra 44% de González, que pediu recontagem ao Conselho Nacional Eleitoral e não reconheceu a vitória do adversário.

Com um perfil jovem e pragmático, Noboa consolidou sua reeleição após uma gestão de linha dura na segurança pública, que o alçou como símbolo da repressão ao crime organizado no país, ainda que suas ações sejam alvo de críticas por parte de entidades de direitos humanos.

Uma trajetória meteórica na política

Herdeiro do império das bananas da família Noboa, Daniel iniciou sua trajetória política em 2021, quando foi eleito para a Assembleia Nacional. Em 2023, chegou à presidência praticamente como um outsider, em uma eleição marcada pela violência — incluindo o assassinato do candidato Fernando Villavicencio durante um comício em Quito.

Com apenas 35 anos à época, Noboa se tornou o presidente mais jovem da história moderna do Equador, vencendo o segundo turno contra Luisa González, representante do correísmo — o movimento liderado pelo ex-presidente Rafael Correa.

Inicialmente eleito para um mandato tampão de 15 meses, após a queda do conservador Guillermo Lasso, Noboa rapidamente adotou medidas enérgicas contra o crime, decretando “conflito armado interno” e colocando as Forças Armadas nas ruas para combater o avanço das gangues, que passaram a ser classificadas oficialmente como organizações terroristas.

Segurança em foco: popularidade e controvérsias

Vestido com colete à prova de balas e presente em operações militares filmadas, Noboa construiu uma imagem de presidente combativo, reforçada por ações simbólicas e presença constante nas redes sociais. A estratégia, no entanto, não está isenta de críticas: embora tenha contribuído para uma redução da taxa de homicídios de 46,18 por 100 mil habitantes em 2023 para 38,8 em 2024, o Equador segue como o país mais violento da América Latina.

Pior: os dados de 2025 indicam uma nova alta no número de assassinatos. Somente nos primeiros 50 dias do ano, foram registrados 1.300 homicídios — o equivalente a uma morte violenta por hora no país. Organizações de direitos humanos têm denunciado abusos e excessos cometidos sob o plano de segurança, alertando para a militarização da vida civil e violações de garantias individuais.

Um segundo mandato sob pressão

A reeleição de Noboa indica que, apesar das críticas, o eleitorado equatoriano ainda aposta em sua política de força como resposta ao avanço do crime — especialmente em um país que enfrenta uma escalada de violência inédita em sua história recente.

Agora reeleito, o desafio de Noboa será consolidar resultados concretos na segurança sem comprometer o Estado de Direito. Além disso, terá de lidar com uma oposição mobilizada, liderada pelo correísmo, que já questiona a legitimidade do pleito e promete resistência política no Congresso e nas ruas.

Redação Saiba+

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