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Governo Lula paga R$ 15 milhões a ONG ligada ao PT para retirar lixo em terra yanomami

Entidade ligada ao PT e sediada no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC atuará com recursos antecipados para limpeza ambiental em Roraima

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Presidente Luiz Inacio Lula da Silva / Reproduçao

O governo federal repassou R$ 15,8 milhões em parcela única a uma organização ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para realizar a retirada de resíduos sólidos na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A ONG Unisol Brasil, contratada pelo Ministério do Trabalho, é presidida por ex-dirigentes sindicais filiados ao PT e funciona em uma sala de 40m² no subsolo do sindicato, em São Bernardo do Campo (SP).

A contratação foi feita por meio de um termo de fomento firmado com a Secretaria de Economia Popular e Solidária, comandada por Gilberto Carvalho, ex-ministro e aliado histórico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o governo, o objetivo do projeto é remover cerca de 70 toneladas de plástico e resíduos deixados por cestas básicas entregues na região e formar agentes indígenas recicladores.

O recurso foi integralmente liberado três dias após a assinatura do contrato, em 31 de dezembro de 2023. De acordo com o plano de trabalho, a entidade deve capacitar catadores, realizar ações de educação ambiental e garantir a destinação adequada do lixo em dez bases da terra yanomami, além de fortalecer cooperativas de reciclagem e qualificar 80 catadoras ao longo de dois anos.

O contrato firmado com a Unisol é o segundo maior do orçamento de políticas para povos indígenas em 2024, atrás apenas de um repasse de R$ 64,2 milhões para uma empresa de transporte aéreo — essencial para deslocamentos na região. A liberação integral do valor para a ONG contrasta com a prática adotada com outras entidades contratadas no mesmo programa, como a CEA, que recebeu apenas 40% do valor previsto.

Apesar dos recursos já estarem com a Unisol, o Ministério do Trabalho informou que as atividades em campo só devem começar no segundo semestre. Os primeiros três meses foram dedicados a reuniões de planejamento técnico, enquanto o segundo trimestre marca o início dos estudos técnicos.

A escolha da ONG foi resultado de um edital lançado em novembro para seleção de entidades que atuariam na região. Dez ONGs participaram, mas metade foi desclassificada por não apresentar plano de trabalho. Apenas a Unisol e a CEA foram selecionadas. A banca avaliadora do ministério teve opiniões divergentes sobre a qualificação da equipe da Unisol, conforme documentos obtidos pela imprensa.

A Unisol é presidida por Arildo Mota Lopes, ex-diretor do sindicato, e tem como diretor Carlos José Caramelo Duarte, atual vice-presidente da entidade sindical. Ambos são filiados ao PT. Procurada, a ONG não se manifestou até o fechamento da reportagem.

A destinação de valores milionários a entidades ligadas ao PT em meio a uma crise humanitária na Terra Yanomami tem gerado críticas e suspeitas de favorecimento político. A oposição promete acionar órgãos de controle e incluir o tema nas discussões sobre transparência e fiscalização de repasses públicos.

Redação Saiba+

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