Brasil
Banco do Brasil registra queda de 60% no lucro e fica abaixo das projeções
Lucro líquido ajustado do segundo trimestre caiu para R$ 3,8 bilhões; inadimplência do agro preocupa investidores e payout é reduzido para 30%
O Banco do Brasil (BBAS3) encerrou o segundo trimestre de 2025 com lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, uma queda de 60,2% em relação ao mesmo período de 2024 e 48,7% em relação ao primeiro trimestre. O resultado ficou abaixo das projeções do mercado, que esperavam entre R$ 4,64 bilhões e R$ 5 bilhões.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) despencou para 8,4%, caindo 1.316 pontos percentuais em um ano e 823 pontos percentuais no trimestre, mesmo as estimativas mais pessimistas não previam um patamar tão baixo.
Segundo Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, “O ano de 2025 é de ajuste para aceleração do crescimento. Projetamos lucro entre R$ 21 e 25 bilhões e seguimos com investimentos estruturantes, oferecendo a melhor experiência e soluções adequadas aos nossos clientes, com foco em tecnologia e capacitação dos funcionários”.
A carteira de crédito ampliada cresceu 11,2% em 12 meses, chegando a R$ 1,294 trilhão, puxada pelo aumento de 14,7% na carteira de pessoa jurídica (R$ 468 bilhões) e 8% na pessoa física (R$ 342,6 bilhões). A carteira do agronegócio avançou 8%, para R$ 404,9 bilhões, mas registrou alta preocupante na inadimplência.
A margem financeira bruta ficou em R$ 25,1 bilhões, queda de 1,9% em 12 meses, com destaque para margem com clientes de R$ 22,3 bilhões, 12% acima do mesmo período de 2024, enquanto a margem com o mercado caiu 51%, para R$ 2,8 bilhões.
O total de ativos alcançou R$ 2,437 trilhões, aumento de 3,2% em 12 meses.
Inadimplência em alta
A taxa de inadimplência acima de 90 dias chegou a 4,21%, ante 3% no segundo trimestre de 2024, enquanto os atrasos acima de 30 dias atingiram 5,92%. Entre pessoas físicas, a inadimplência foi de 5,59%, e entre pessoas jurídicas, 4,18%. O setor do agronegócio, com 3,49%, chamou atenção dos analistas por seu impacto negativo no banco estatal.
Menores dividendos
O Conselho de Administração do BB aprovou redução do payout de 40% para 30% em 2025, incluindo juros sobre capital próprio (JCP) e dividendos. Apesar disso, os pagamentos referentes ao primeiro semestre de 2025 já foram realizados, e o cronograma do segundo semestre permanece.
O ajuste era esperado pelo mercado, com casas como Goldman Sachs, JPMorgan, Itaú BBA, Ágora, Bradesco BBI e BTG Pactual trabalhando com o novo payout de 30%, embora o dividend yield estimado fique em 5,6%, inferior ao Itaú (ITUB4).
