Política
STF rigoroso e Bolsonaro planeja “turnê” pelo país para mostrar poder político
O ex-presidente está planejando aumentar a participação popular caso seja acusado, uma possibilidade que poderá se concretizar na semana que vem.
Diante da pressão jurídica cada vez mais intensa, o ex-presidente Jair Bolsonaro optou por intensificar a realização de atos e manifestações como uma estratégia para demonstrar sua força política. A intenção é reunir uma grande quantidade de pessoas nas ruas, reforçar o pedido de anistia para os envolvidos nos eventos do dia 8 de janeiro – o que poderia beneficiar o ex-presidente indiretamente – e reiterar a alegação de que Bolsonaro e seus aliados estão sendo alvo de perseguição por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).
Após deixar o Palácio do Planalto, Bolsonaro tem realizado quatro grandes manifestações em seu apoio, todas concentradas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Agora, o objetivo é ampliar o alcance e chegar a cidades do Nordeste, região onde o presidente Lula costuma ter mais apoio popular. Durante um evento em Copacabana no último domingo, 16, o ex-presidente anunciou que a próxima manifestação será em 6 de abril na Avenida Paulista. Em seguida, ele pretende visitar o Nordeste, com a primeira parada provavelmente em Aracaju, Sergipe, terra natal do deputado Rodrigo Valadares, relator do projeto da anistia na Câmara.
A intensificação das viagens será uma resposta à iminente decisão do Supremo Tribunal Federal de tornar o ex-presidente e ex-ministros réus por uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. Nos dias 24 e 25, a Corte irá julgar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, que acusa Bolsonaro de cinco crimes, podendo resultar em uma pena de até 40 anos de prisão.
Os aliados do ex-presidente estão disseminando a ideia de que uma possível condenação poderia desencadear uma grande agitação popular – portanto, ter o apoio do povo nas ruas é crucial para manter a pressão sobre o Judiciário. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que o pai continuará com seu ritmo acelerado de viagens mesmo se tornando réu.
“A mensagem que leva é exatamente essa: Bolsonaro é perseguido por não ter feito nada, e vai repercutir isso para as pessoas do Nordeste. É um movimento acertado para levar esse recado”, disse.
Flávio ressalta que, não importa a audiência presente, os eventos são uma fonte de engajamento e conteúdo nas plataformas digitais. Ele destaca que, além dos apoiadores reunidos em Copacabana, cerca de 3 milhões de espectadores acompanharam o evento ao vivo pela internet, sem mencionar a infinidade de “cortes”, vídeos curtos enviados aos seguidores.
“É isso que ele tem que fazer: mostrar para a opinião pública que a gente está do lado certo”, disse.
Apesar de adotar uma estratégia, o STF também está preparado e equipado com um arsenal jurídico para enfrentar a pressão por manobras que possam absolver ou reduzir as penas dos acusados no inquérito do golpe. No Supremo Tribunal Federal, há uma convicção firme de que todos os esforços nesse sentido serão completamente infrutíferos.