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Crise do Banco Master reacende debate sobre regras do Fundo Garantidor de Crédito

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O Banco Master, comprado pelo BRB — Foto: Divulgação

Brasília (DF) – A crise envolvendo o Banco Master, conhecido por oferecer CDBs com juros muito acima do mercado, reacendeu o debate sobre a necessidade de revisar as regras do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) — mecanismo que protege os investidores em caso de quebra de instituições financeiras.

Na prática, grandes bancos como Itaú, Bradesco e Santander afirmam que bancos médios vêm se aproveitando da segurança oferecida pelo FGC para captar recursos com alto risco, usando como atrativo o seguro que cobre até R$ 250 mil por CPF. A crítica é que, enquanto essas instituições oferecem retornos generosos, quem financia o FGC são os próprios grandes bancos, através de uma contribuição obrigatória.

O tema foi tratado em uma reunião no último sábado (4) entre o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e executivos dos três maiores bancos do País. O encontro discutiu, além do caso do Master, a criação de novas regras para evitar abusos na captação via CDBs.

O Banco Master, por exemplo, oferecia produtos com rendimento de 140% do CDI — cerca de 20% ao ano, muito acima da média do mercado, que raramente passa de 100% do CDI. Segundo balanço divulgado pela instituição, o banco tem hoje R$ 49 bilhões em CDBs no mercado, com R$ 7,6 bilhões vencendo só no primeiro semestre deste ano. O montante representa quase metade dos recursos disponíveis no FGC, hoje em R$ 107 bilhões.

Risco para o sistema e pressão por novas regras

Bancos menores, classificados como S3 pelo Banco Central, somam R$ 588 bilhões em CDBs, conforme dados do FGC. Essas instituições costumam pagar mais para atrair investidores, justamente por serem menos conhecidas. Com a popularização das plataformas de investimento, esses papéis passaram a ser ofertados em grande escala — o que ajudou a impulsionar essa forma de captação.

Os grandes bancos defendem mudanças nas exigências regulatórias, como elevar em quase dez vezes a contribuição ao FGC para instituições que oferecem CDBs muito acima de sua capacidade financeira. Também propõem que esses bancos sejam obrigados a manter títulos públicos em seus balanços, como forma de inibir práticas arriscadas.

Apesar das discussões, nenhuma decisão foi tomada. O Banco Central terá que arbitrar entre dois lados: de um lado, os grandes bancos pedindo regras mais rígidas; de outro, os bancos médios que temem um sufocamento de sua principal fonte de financiamento. O desafio será encontrar um equilíbrio que proteja o sistema financeiro sem eliminar a concorrência.

Redação Saiba+

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