Brasil
Correios patrocinam turnê de Gilberto Gil com R$ 4 milhões em meio a crise financeira
Os ingressos chegam a custar R$1.530; mais do que um salário mínimo (R$1.518).
Em meio a uma profunda crise financeira e operando no vermelho, os Correios enfrentam duras críticas após o patrocínio de R$ 4 milhões à turnê do cantor Gilberto Gil. A estatal tornou-se patrocinadora master dos shows, que começaram no fim de março, em um momento no qual a empresa já havia reportado prejuízos acumulados de R$ 2,2 bilhões em 2025.
O investimento gerou indignação entre os servidores, que denunciam atraso em repasses ao FGTS, dificuldades operacionais e o descredenciamento de prestadores do plano de saúde da categoria, que vem suspendendo atendimentos por falta de pagamento.
Apesar da grave situação financeira e de ameaças de greve, os Correios aparecem ao lado de marcas de luxo como a Rolex no material promocional da turnê. O alto valor dos ingressos também chamou atenção: os bilhetes chegam a custar R$ 1.530, valor superior ao salário mínimo vigente (R$ 1.518), afastando grande parte da população do espetáculo, mesmo com dinheiro público envolvido.
Em nota, os Correios defenderam o patrocínio como parte de uma estratégia de reposicionamento de marca e afirmaram estar em tratativas para restabelecer o funcionamento do plano de saúde dos servidores.
Além do patrocínio cultural, a estatal também desembolsou R$ 1,3 milhão para o “Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas”, realizado em Brasília, que contou com a presença do presidente Lula (PT).
Gastos do governo com viagens somam bilhões; transparência cai
Outro ponto que levanta críticas à gestão federal é a falta de transparência nos gastos com viagens. O Portal da Transparência, administrado pela Controladoria-Geral da União, deixou de atualizar os dados referentes às despesas com deslocamentos a partir de março.
Até o fim de fevereiro, o governo já havia desembolsado quase R$ 80 milhões com viagens, sendo R$ 37,8 milhões com passagens e R$ 41,4 milhões com diárias. Os anos de 2023 e 2024 já são, oficialmente, os mais caros da história da administração federal em termos de despesas com deslocamentos, com mais de R$ 2,3 bilhões por ano.
A ausência de atualizações recentes no sistema público levanta preocupações sobre a transparência e controle dos gastos públicos, uma bandeira frequentemente cobrada de outras gestões.