Política
ACM Neto: ‘Será candidato a federal’
Governo fraco, base em ebulição: aliado de Lula corteja Rui Costa e alfineta ACM Neto
Enquanto o governo Lula patina em resultados concretos, a base aliada se movimenta nos bastidores e revela um cenário de disputa interna e fragmentação crescente. O deputado federal Neto Carletto (Avante), em entrevista nesta segunda-feira (14), escancarou o jogo: abriu as portas do Avante para o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ao mesmo tempo em que lançou farpas contra ACM Neto (União Brasil), dizendo que o ex-prefeito de Salvador estaria fadado a disputar uma vaga de deputado federal em 2026.
A fala expõe não apenas os ruídos dentro da própria base do presidente Lula, mas também a falta de articulação política que começa a desgastar nomes históricos da oposição. Para Carletto, apesar de improvável, uma eventual migração de Rui Costa para o Avante seria um trunfo.
“Seria um sonho, uma maravilha, mas Rui Costa já foi governador, é ministro, tem uma vida no PT. A gente sabe que é muito difícil ele deixar seu partido”, ponderou o deputado.
A declaração, no entanto, tem um peso simbólico: revela que até mesmo aliados de primeira hora reconhecem os limites do PT para se manter hegemônico em 2026. Rui Costa, visto por muitos como um potencial candidato ao governo ou ao Senado, aparece como figura estratégica — tanto que já desperta o apetite de outras siglas.
ACM Neto sob ataque
O tom mais ácido de Carletto foi reservado ao ex-prefeito ACM Neto, nome que já foi considerado favorito a cargos majoritários, mas que hoje, segundo o deputado, vive um momento político decadente.
“Ele precisa conversar mais com seus aliados, se articular melhor, está fazendo uma péssima articulação. Isso quem diz são os próprios ex-aliados dele”, criticou.
“ACM Neto não atende um telefonema, não responde uma mensagem de WhatsApp, não dá a menor atenção para seus aliados. Deverá mesmo ser candidato a deputado federal.”
A fala reforça a percepção de que a oposição baiana carece de coesão e liderança, o que abre espaço para partidos médios, como o Avante, crescerem nas brechas deixadas pelos gigantes em crise.
Avante tenta ocupar espaço
Ao trocar o PP pelo Avante, Neto Carletto vem investindo na reorganização da legenda na Bahia. Segundo ele, a sigla hoje tem musculatura para disputar espaços relevantes nas eleições de 2026.
“Crescemos o Avante com o ex-deputado Ronaldo Carletto. Colocamos ele em posição de disputar qualquer cargo e qualquer espaço. Sabemos que a sigla chega fortalecida para a eleição de 2026”, afirmou.
O movimento é mais um sinal de que os pequenos partidos querem protagonismo na nova configuração política do estado — e que nem o PT de Lula, nem a oposição tradicional estão blindados de pressões internas.
Entre elogios e realismo: a ambiguidade sobre Rui
Apesar do entusiasmo em torno do nome de Rui Costa, Carletto deixou claro que a vinda do ministro para o Avante é improvável. Mas a simples menção à possibilidade revela o desconforto dentro do próprio PT. O prestígio de Rui na Bahia segue intacto, mas a fidelidade partidária é colocada à prova num cenário nacional de crise de confiança e articulação política frágil por parte do Planalto.
Se o governo Lula não conseguir reagir — seja com gestão, seja com uma estratégia de alianças mais clara —, poderá ver suas principais lideranças sendo cobiçadas por legendas que buscam capitalizar o vácuo de protagonismo.