Brasil
Governo Lula prevê salário mínimo de R$ 1.630 em 2026
Projeção consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) enviado ao Congresso; governo também revisa para cima a trajetória da dívida pública nos próximos anos
O salário mínimo poderá subir para R$ 1.630 em 2026, segundo o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) entregue pelo governo federal ao Congresso Nacional nesta terça-feira (15). O valor representa um reajuste de R$ 112 em relação ao piso atual de R$ 1.518. A proposta considera a fórmula aprovada no novo arcabouço fiscal, que prevê reajuste com base na inflação do ano anterior mais o crescimento do PIB de dois anos antes, limitado a um ganho real de até 2,5%.
O valor exato, no entanto, ainda depende da inflação acumulada em 2025 e será oficializado apenas em dezembro do ano seguinte. O aumento do salário mínimo tem impacto direto nas contas públicas, especialmente sobre benefícios da Previdência Social, abono salarial e seguro-desemprego.
Meta fiscal e arcabouço
O PLDO mantém a meta de superávit primário de 0,25% do PIB para 2026, último ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A meta representa um saldo positivo de R$ 34,3 bilhões nas contas públicas, desconsiderando o pagamento de juros da dívida. O governo, contudo, admite margem de tolerância que pode permitir déficit zero, sem configurar descumprimento formal da meta.
A proposta reafirma o compromisso da gestão com o novo arcabouço fiscal, apesar de manter mecanismos que flexibilizam temporariamente as regras. É o caso dos precatórios, dívidas judiciais da União, que somarão R$ 115,7 bilhões em 2026, dos quais R$ 55,7 bilhões ficarão fora do limite de gastos e da contabilidade da meta, conforme autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). O governo ainda não apresentou solução definitiva para a inclusão desses valores nas regras fiscais a partir de 2027.
Dívida em trajetória de alta
Apesar do esforço para controlar as despesas, o governo revisou para cima a estimativa da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que engloba União, INSS, estados e municípios. Segundo o novo cenário apresentado, a dívida deve atingir um pico de 84,2% do PIB em 2028, começando a cair apenas a partir de então. Em 2035, a projeção é que a dívida esteja em 81,6% do PIB.
Há um ano, o governo trabalhava com projeções mais otimistas, prevendo que a dívida chegaria a 79,7% do PIB em 2027 e recuaria para 74,5% até 2034. A piora no cenário se deve à rigidez das despesas obrigatórias e à incerteza quanto ao aumento da arrecadação.