Brasil
Silêncio seletivo: após decisão de Moraes, mandante do caso Marielle vai para casa e esquerda se cala
Deputado Chiquinho Brazão, apontado pela PF como mandante do assassinato de Marielle Franco, foi transferido para prisão domiciliar; ativistas, políticos e até a irmã da vereadora, Anielle Franco, permanecem em silêncio.
Quase uma semana após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder prisão domiciliar ao deputado federal Chiquinho Brazão (RJ), acusado pela Polícia Federal de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, o silêncio reina entre os setores da esquerda e movimentos que, durante anos, bradaram a pergunta: “Quem mandou matar Marielle?“
A ausência de manifestações públicas é notável mesmo entre os nomes mais ligados ao caso, como a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada. O silêncio constrange ainda mais diante da forte mobilização que o caso sempre despertou no espectro progressista.
A transferência de Brazão para casa foi autorizada sob alegação de problemas de saúde, argumento que, em outras situações, não tem encontrado acolhida tão generosa por parte do STF. A situação gera críticas por suposta seletividade no tratamento judicial e pela falta de coerência no discurso de figuras públicas que outrora exigiram justiça com veemência.
Domingos Brazão e Eduardo Cunha / Foto: Reprodução
Além disso, a relação política do acusado com o Partido dos Trabalhadores (PT) levanta questões incômodas. Durante anos, setores da esquerda associaram o crime a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas Chiquinho Brazão, então vereador, já era um conhecido aliado do PT à época do assassinato.
Jordy critica “onze constituições” e reforça necessidade de reforma no Judiciário
A decisão de Moraes também reacendeu o debate sobre os limites do poder dos ministros do STF. Para o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), o Brasil vive sob “onze Constituições”, uma para cada ministro. Em entrevista ao podcast do site Diário do Poder, o parlamentar defendeu o fim do foro privilegiado e afirmou que muitos congressistas têm medo de se posicionar por temerem represálias do Judiciário.
“Não existe nada mais necessário do que fazermos uma reforma do Judiciário no Brasil”, declarou Jordy, que vê abuso de autoridade e interpretações subjetivas da Constituição como práticas rotineiras. Segundo ele, há projetos prontos para reequilibrar os Poderes da República, e a pressão da sociedade será fundamental para que avancem.