Brasil
Marcada por apoio a Bolsonaro, Regina Duarte volta à Globo
Depois de anos longe da televisão e de ter se tornado um dos rostos mais emblemáticos da direita brasileira ao integrar o governo Bolsonaro, a atriz Regina Duarte está de volta à tela da TV Globo. Ela será a convidada de estreia da nova temporada do programa “Conversa com Bial”, que vai ao ar nesta segunda-feira (21).
No episódio, Regina revisita um dos episódios mais marcantes da sua carreira: a censura da novela “Roque Santeiro” durante a ditadura militar, em 1975. A obra, considerada um clássico da teledramaturgia nacional, foi proibida às vésperas da estreia, mesmo com elenco e cenário prontos.
“Fomos até Brasília, com o diretor da Globo e colegas de elenco, tentar liberar a novela. Foi uma excursão frustrante. O presidente Ernesto Geisel nem nos recebeu. Ficamos esperando muito tempo numa sala, ninguém veio falar com a gente. E foi no ‘Jornal Nacional’ de um domingo que anunciaram que a novela não iria mais ao ar”, relembra a atriz.
Ao lado de Regina, o programa também contará com a participação da jornalista Laura Mattos, autora do livro “Herói mutilado – Roque Santeiro e os bastidores da censura à TV na ditadura”, que contextualiza o cenário político da época e os motivos da repressão à produção.
Semana especial sobre televisão
A reestreia do “Conversa com Bial” marca uma semana especial dedicada à televisão brasileira. Na terça-feira (22), o ator Lázaro Ramos falará sobre o protagonismo negro na TV. Ao longo da semana, o programa também receberá os autores Alessandra Poggi, Rosane Svartman e Walcyr Carrasco, debatendo o processo criativo por trás das novelas.
O cantor Ney Matogrosso, que marcou época com diversas trilhas de abertura de novelas, revelará curiosidades de bastidores e sua relação com a música na teledramaturgia. Para encerrar, o jornalista William Bonner refletirá sobre o futuro do telejornalismo e os desafios da comunicação na era digital.
A presença de Regina Duarte marca não apenas um retorno simbólico à emissora onde consolidou sua carreira, mas também o reencontro com temas delicados da história política e cultural do país — com os quais ela própria, hoje, tem relação direta.
