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Petro pede que Bukele entregue colombianos detidos
Presidente colombiano critica criminalização de migrantes e se apoia em decisão da Suprema Corte dos EUA
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez neste sábado (19) um apelo ao presidente de El Salvador, Nayib Bukele, para que entregue os colombianos presos no país centro-americano. A solicitação ocorre em meio à polêmica envolvendo deportações de migrantes da Venezuela e de outros países latino-americanos, após uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que suspendeu essas ações.
A decisão judicial dos EUA interrompeu temporariamente as deportações de supostos membros da gangue Tren de Aragua, que estavam sendo enviados do Texas para a penitenciária de segurança máxima Cecot, em El Salvador. Segundo Petro, a medida do tribunal é “universal” e reforça a ideia de que não se pode criminalizar migrantes com base em nacionalidade ou suposições genéricas.
“Não aceitamos, e a justiça dos Estados Unidos também não aceita, que se criminalizem crianças venezuelanas”, escreveu Petro em sua conta oficial na rede X (antigo Twitter).
O presidente norte-americano Donald Trump, em uma ação controversa, invocou em março a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para justificar a prisão e deportação de migrantes supostamente vinculados à criminalidade. A lei foi usada anteriormente apenas em períodos de guerra, como nos conflitos contra o Império Britânico e nas duas guerras mundiais.
Petro criticou duramente a medida:
“Nenhum latino-americano democrático pode aceitar que, pelos crimes da gangue chamada ‘Tren de Aragua’, se criminalize todo o povo venezuelano no exílio.”
Além disso, o líder colombiano reiterou que tratar migrantes como criminosos é uma prática “fascista”, e defendeu a libertação dos venezuelanos presos e a repatriação imediata dos colombianos detidos em solo salvadorenho.
A penitenciária Cecot, inaugurada por Bukele como parte de sua política de “guerra contra as gangues”, é considerada a maior da América Latina, com capacidade para abrigar 40 mil detentos. O local acumula denúncias de superlotação, violações de direitos humanos e restrições a visitas familiares.
Enquanto isso, o governo Trump já apresentou uma moção para tentar reverter a decisão da Suprema Corte e manter sua promessa de campanha de deportar milhões de migrantes indocumentados dos EUA.