Política
Governo recua e mantém ministério com o União Brasil
Após recusa de Pedro Lucas, Planalto sinaliza fragilidade diante do Congresso e aguarda nova indicação do partido
O Palácio do Planalto teve de recuar e devolver ao União Brasil o direito de indicar um novo nome para o Ministério das Comunicações, após a recusa do deputado Pedro Lucas (MA) ao convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A recusa revelou não apenas divergências internas no partido, mas escancarou a atual correlação de forças entre o Executivo e o Congresso Nacional.
O episódio foi interpretado como um sinal claro da fragilidade política do governo, que, diante da negativa, não encontrou espaço para retaliar e optou por renovar o gesto político com o partido. A decisão de Pedro Lucas de não aceitar a pasta, mesmo após anúncio oficial feito por Gleisi Hoffmann (PT), presidente do partido do presidente, mostrou o desgaste do governo junto à base e evidenciou a perda de tração do Planalto em articular nomeações com apoio consolidado.
A negativa também remete ao comportamento de outras lideranças de peso no Legislativo, como os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que em momentos distintos recusaram convites para integrar o governo. Ambos, ainda que informalmente sondados, preferiram manter-se no comando de um Congresso em ascensão, a aceitar cargos em um Executivo enfraquecido.
No caso de Pedro Lucas, após ter sido consultado e sinalizado positivamente, ele teria condicionado a decisão ao aval da bancada do União Brasil. A manifestação foi tomada como mero protocolo pelo governo, que prontamente anunciou o nome, sem garantir o respaldo necessário — um erro de cálculo político que culminou no desgaste público e institucional.
Sem espaço para impor sanções políticas, o Planalto engoliu o revés e, após 12 dias de silêncio e desconforto, optou por solicitar ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), uma nova indicação do partido para o ministério.
O episódio escancara a mudança de cenário na política nacional: cargos de governo já não possuem o mesmo poder de barganha de outrora, e o Planalto já não dita os termos com a mesma firmeza. Resta saber quem, agora, o União Brasil indicará para a pasta e se a nova aposta contará com apoio suficiente para consolidar a nomeação.