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Fernando Sarney assume CBF e convoca nova eleição após saída de Ednaldo
Nomeado interventor por decisão do TJ-RJ, Fernando Sarney promete eleições urgentes para o quadriênio 2025-2029 e manutenção dos contratos da entidade
Em mais um capítulo da crise institucional que abala o comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o dirigente Fernando Sarney foi nomeado interventor da entidade e anunciou, por meio de nota oficial, que novas eleições serão convocadas com urgência. A decisão vem após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinar o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues da presidência, com base em suspeitas de falsificação de assinatura em um acordo judicial.
De acordo com a nota divulgada no site da entidade, Sarney, que é o vice-presidente mais antigo da CBF, assinou o termo de posse nesta quinta-feira (15) e já iniciou os trâmites para a eleição que definirá o comando da CBF no quadriênio 2025-2029.
“Informo que já assinei o termo de posse e que a nova eleição será convocada o mais rápido possível. As datas, os procedimentos e demais informações do processo eleitoral serão divulgados com a máxima brevidade”, declarou Sarney.
O TJ-RJ acatou o pedido do próprio Sarney, baseado em uma perícia grafotécnica que contesta a autenticidade da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, em um acordo homologado pelo STF em fevereiro, que havia dado sustentação jurídica ao mandato de Ednaldo. O documento, que deveria encerrar disputas judiciais entre dirigentes, agora é questionado devido a suspeitas de vício de consentimento e à incapacidade cognitiva de Nunes, atestada por laudos médicos.
A decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro destaca que “há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente.”
Além da determinação para realização de novas eleições, o despacho judicial anulou o acordo firmado entre CBF, federações e dirigentes, reacendendo um embate jurídico que se arrasta desde 2021, quando o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) questionou as regras eleitorais da confederação.
Enquanto isso, a CBF recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do TJ-RJ, mantendo um clima de instabilidade que se arrasta desde a primeira destituição de Ednaldo, em 2023. Na ocasião, ele foi reconduzido ao cargo por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes — o mesmo que agora se vê no centro de um debate sobre conflito de interesses, devido à relação comercial entre seu instituto, o IDP, e a CBF Academy.
Apesar da turbulência jurídica, Sarney garantiu que os contratos da entidade, como o recente anúncio de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira, serão mantidos, e que não haverá interferência nas atividades esportivas em andamento.
A decisão marca mais um episódio da longa disputa pelo controle da CBF, onde interesses políticos, jurídicos e esportivos se entrelaçam, colocando em xeque a credibilidade da maior entidade do futebol nacional.