Brasil
Gripe aviária pode gerar prejuízo de US$ 200 mi: é seguro comer frango e ovos?
Exportações para países como China, UE e Argentina foram suspensas.
O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, pode sofrer um prejuízo de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões em apenas um mês devido à suspensão temporária das exportações da proteína. A estimativa foi divulgada pelo Ministério da Agricultura após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no município de Montenegro (RS).
O cálculo considera que 50 mil a 100 mil toneladas de frango podem deixar de ser exportadas ao preço médio de US$ 2 mil por tonelada, o que representa uma queda de 10% a 20% em relação à média mensal de exportações brasileiras, que atualmente gira em torno de 465 mil toneladas.
“O impacto vai depender da extensão das suspensões, da flexibilização dos embargos e da rapidez da retomada das compras”, explicou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério, Luis Rua. Entre os países que já suspenderam os embarques estão China, União Europeia, Argentina, Uruguai e Chile.
Exportações redirecionadas e impacto limitado
Apesar do impacto imediato, o governo acredita que parte significativa do volume suspenso será redirecionada a outros mercados e ao consumo interno. Países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Reino Unido e Filipinas ainda permitem a exportação de frango brasileiro, desde que não seja proveniente da região afetada.
A expectativa é que as suspensões sejam temporárias e evoluam para embargos regionais, restritos ao raio de 10 km da granja em Montenegro ou ao estado do Rio Grande do Sul. Esse tipo de regionalização já é prática comum em crises sanitárias e depende da transparência e rapidez das autoridades brasileiras em fornecer informações sanitárias aos países parceiros.
Consumo de frango e ovos continua seguro
Apesar do alerta sanitário, não há risco no consumo de frango e ovos, segundo o Ministério da Agricultura e especialistas em infectologia. O vírus não é transmitido por meio da carne ou dos ovos e a granja afetada produzia matrizes reprodutoras, não destinadas ao consumo direto.
“A transmissão ao ser humano é rara e está associada ao contato direto com aves infectadas. O risco para a população geral é muito baixo”, afirma a virologista Helena Lage, da USP. A médica infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, reforça que o vírus precisaria sofrer múltiplas mutações para ser transmitido entre humanos, o que ainda não aconteceu.
Brasil monitora situação e acelera resposta
Desde que o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) foi detectado em aves silvestres no Brasil em 2023, o país vem intensificando as ações de vigilância, monitoramento e implantação de um plano nacional de contingência. Com a confirmação do foco na granja, todas as aves foram abatidas e a propriedade passou por isolamento sanitário e desinfecção.
Além das ações emergenciais, o Brasil também se movimenta no desenvolvimento de uma vacina nacional. O Instituto Butantan já iniciou os estudos pré-clínicos de uma dose contra a gripe aviária e aguarda liberação da Anvisa para testes em humanos.
Enquanto isso, a recomendação para a população é seguir consumindo frango e ovos normalmente, e manter a vacinação contra a gripe humana em dia, o que pode ajudar a evitar casos de coinfecção com outros vírus, como o H1N1.