Política

Igreja em Salvador rejeita batismo de bebês reborn

Paróquia tradicional reforça que sacramentos são para pessoas reais; deputado baiano leva boneca à Câmara e alerta sobre abandono de crianças

Published

on

Bebê reborn – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/ND

A febre dos bebês reborn, bonecas realistas que imitam recém-nascidos, ganhou mais um capítulo inusitado: agora envolvendo igreja, fé e política. A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, em Salvador (BA), divulgou nota oficial nesta terça-feira (20) reafirmando que não realiza batismos nem rituais religiosos com bonecas, mesmo que realistas.

A paróquia, uma das mais tradicionais da capital baiana, explicou que “os sacramentos da igreja são atos sagrados e devem ser tratados com o máximo respeito”, reforçando que o batismo é um rito solene reservado a pessoas reais, como símbolo do ingresso na vida cristã. “Nossa fé está centrada na vida e dignidade humanas”, diz o comunicado.

A decisão repercutiu após o padre Chrystian Shankar, de Minas Gerais, viralizar ao publicar uma nota bem-humorada em que recusa batismo e outros sacramentos para as bonecas. “Nem oração de libertação para bebê possuído por um espírito reborn”, brincou o sacerdote.


Da igreja para o plenário: bebê reborn chega à Câmara dos Deputados

A polêmica não ficou restrita ao altar. Na noite do mesmo dia, o deputado federal baiano Pastor Sargento Isidório (Avante) levou uma boneca reborn ao plenário da Câmara para criticar a substituição simbólica de vínculos reais por relações fictícias com bonecas.

“Não vamos trocar o natural por silicone”, disse Isidório, que usava a boneca amarrada ao corpo como se fosse sua neta. “Brinquem com suas bonecas, não é pecado. Mas cuidem também das nossas crianças reais, que estão abandonadas”, afirmou o parlamentar.

O deputado fez um apelo direto: quem tem tempo e dinheiro para vestir e alimentar bonecas reborn, que também olhe para os órfãos, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Sua fala arrancou reações de surpresa e apoio entre os presentes.


Reação política e projetos em tramitação

Com o crescimento do número de adultos tratando os reborns como filhos reais, a tendência já preocupa parlamentares. Há movimentações na Câmara para barrar o uso de bebês reborn em atendimentos da rede pública de saúde, além de propostas de multas para quem tentar burlar filas de prioridade com o boneco no colo.

Outros deputados defendem que o tema seja tratado com seriedade e que o atendimento psicológico ou psiquiátrico seja ofertado a pessoas que demonstrem dependência emocional intensa dos bonecos, muitas vezes como forma de suprir carências afetivas profundas.

Enquanto isso, a repercussão cresce nas redes sociais e o debate se aprofunda entre a linha tênue do afeto simbólico e os excessos que geram distorções sociais.

Redação Saiba+

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Lidas da Semana

Sair da versão mobile