Política
Lula reage à sobretaxa de Trump e diálogo direto com empresários
Presidente articula resposta à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e promete defesa da soberania nacional frente às pressões dos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu agir diante da sobretaxa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros. Na noite deste domingo (13), Lula reuniu ministros no Palácio da Alvorada e determinou a criação de um comitê interministerial para diagnosticar os impactos da medida e traçar uma estratégia de reação conjunta.
“Conversarei pessoalmente com empresários afetados”, teria afirmado o presidente durante a reunião, segundo fontes do governo.
Estratégia com empresários e ministérios-chave
Participaram do encontro os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), Mauro Vieira (Relações Exteriores), além de representantes da Casa Civil, Secom, Agricultura e Relações Institucionais. O comitê montado por Lula irá ouvir os setores atingidos e construir, com base técnica e política, um plano de negociação com os EUA.
Entre os produtos brasileiros mais afetados estão:
- Laranja
- Café
- Carne bovina
- Celulose
- Etanol, cuja tarifa, hoje em 12,5%, saltará para 52,5% a partir de 1º de agosto
“A defesa das instituições e da soberania nacional não está na mesa de negociação”, enfatizou Lula, sinalizando que não cederá às pressões políticas do governo americano.
Tarifa de Trump tem motivação política, diz governo
A sobretaxa foi anunciada após críticas de Trump ao julgamento de Jair Bolsonaro e às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo plataformas digitais. O republicano exigiu, como condição para negociação, a suspensão dos processos contra Bolsonaro e o fim da regulação das big techs, medidas vistas como inegociáveis por Lula.
“O Brasil de hoje não persegue ninguém. O STF vai julgar com base nas provas”, afirmou Luís Roberto Barroso, presidente do STF, em resposta ao anúncio dos EUA.
Crise do IOF amplia tensão entre poderes
Paralelamente à crise internacional, o governo enfrenta um impasse interno sobre o aumento do IOF. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu tanto o decreto do Executivo que aumentava o imposto quanto o decreto do Legislativo que o derrubava, convocando uma audiência de conciliação para esta terça (15).
O Congresso defende que o aumento foi usado para arrecadar, e não regular, violando o princípio da finalidade extrafiscal do IOF. O governo, por sua vez, sustenta que a medida é legítima e está disposto a negociar um valor menor, abaixo de R$ 5 bilhões, como meio-termo.
Disputa entre Tarcísio e Eduardo Bolsonaro expõe racha na direita
A sobretaxa americana também acirrou as tensões entre lideranças bolsonaristas, com o governador Tarcísio de Freitas buscando interlocução técnica com os EUA, enquanto Eduardo Bolsonaro cobra anistia e confronta o STF, chamando a medida de “Tarifa Moraes”.
Tarcísio defende que o foco é “proteger a economia brasileira”.
Eduardo, por outro lado, quer “resistência institucional” e coloca a anistia como condição política para o diálogo com os EUA.
