Brasil
Inflação de apps de transporte dispara e já acumula alta de 44,49% em 12 meses
Segundo o IBGE, tarifa de corridas por aplicativo teve maior aumento desde 2022; demanda elevada e custos operacionais impulsionam preços
A inflação do transporte por aplicativo disparou no Brasil, saltando de 5% em maio para 13,77% em junho, conforme os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação do país. Com isso, o serviço acumulou alta de 44,49% nos últimos 12 meses, o maior valor desde julho de 2022, quando o índice alcançou 49,78%.
Na cesta de 377 itens monitorados pelo IPCA, apenas o café moído (77,88%) superou o transporte por app em aumento acumulado de preços no período. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O aumento de 13,77% em junho foi o mais expressivo para o setor desde dezembro de 2023, quando o reajuste atingiu 20,7%. As maiores variações regionais foram registradas em Porto Alegre (17,03%) e São Paulo (16,29%), enquanto o Rio de Janeiro apresentou a menor alta (9,1%).
Segundo o IBGE, o avanço dos preços se deve a fatores como tarifas dinâmicas – que sobem com a demanda –, maior movimentação de passageiros por conta de feriados, eventos e férias escolares, além da alta em todas as 13 regiões metropolitanas pesquisadas.
Nos últimos 12 meses, Brasília (62,14%) e São Paulo (55,63%) lideraram os aumentos acumulados. Belo Horizonte teve a menor elevação, com 20,33%.
A Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), que representa plataformas como Uber e 99, reconhece que os preços das corridas são afetados por tempo, distância, tipo de veículo, demanda e estratégias comerciais, e afirma que os valores “variam dinamicamente para manter o equilíbrio competitivo no mercado”.
Segundo a associação, os modelos de negócios buscam conciliar os interesses dos motoristas com a acessibilidade para os usuários. No entanto, a metodologia do IPCA para aferir os preços não é conhecida pelas empresas.
Especialistas avaliam que o principal fator de pressão é a demanda. Para o economista André Braz, da FGV Ibre, “o serviço se sustenta pela procura. Se há muita demanda, os preços sobem”. A pesquisadora Maria Andreia Parente Lameiras, do Ipea, reforça: “Com a recuperação do emprego, as pessoas estão com mais dinheiro para consumir esse tipo de serviço”.
Ela ainda aponta que, com melhores oportunidades no mercado formal, alguns motoristas migraram de volta para suas profissões de origem, o que reduziu a oferta e pressionou os preços.
Um estudo divulgado pela Amobitec em parceria com o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) revela que, entre 2022 e 2024, o número de motoristas de aplicativos aumentou 35%, saltando de 1,3 milhão para 1,7 milhão no Brasil.
Custos para motoristas também aumentaram
Além da alta nas tarifas, os custos operacionais dos motoristas também cresceram. Nos 12 meses até junho, o aluguel de veículos subiu 16,13%, o etanol 11,21%, consertos 10,15%, seguros 9,21% e a gasolina 6,6% – todos acima da inflação geral de 5,35% no mesmo período.
Enquanto isso, o serviço de táxi acumulou inflação de 4,22%, bem abaixo da variação observada no transporte por aplicativo.
No IPCA-15 de julho, que funciona como uma prévia da inflação oficial, o transporte por app registrou nova alta de 14,55%, a maior desde novembro de 2021. Isso levou o acumulado em 12 meses, nessa versão do índice, a 20,61% – o maior desde outubro de 2022.
A coleta dos dados para o IPCA-15 ocorreu de 14 de junho a 15 de julho. Os números fechados de julho no IPCA tradicional ainda não foram divulgados.
