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Morre Nana Caymmi, ícone da música brasileira

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A cantora Nana Caymmi, em seu apartamento no Rio de Janeiro, em 2019 - Ricardo Borges/Folhapress

A música brasileira se despede de uma de suas vozes mais poderosas e emocionantes. Morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, a cantora Nana Caymmi, considerada uma das maiores intérpretes da canção popular brasileira. Internada na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, Nana enfrentava um quadro delicado de saúde há meses e faleceu em decorrência de falência múltipla dos órgãos.

Filha do lendário compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, irmã dos também músicos Dori e Danilo Caymmi, Dinahir Tostes Caymmi — a eterna Nana — brilhou por décadas como uma intérprete sofisticada, de voz quente, precisa e carregada de sentimento. Desde sua estreia ainda jovem, aos 19 anos, interpretando “Acalanto” ao lado do pai, Nana trilhou um caminho de excelência e fidelidade à tradição da música brasileira.

Nana Caymmi e Gilberto Gil • Instagram/Nana Caymmi

Com domínio técnico admirável, uma afinação impecável e sensibilidade incomum para as sutilezas das letras e harmonias, Nana Caymmi eternizou obras como “Resposta ao Tempo”, “Medo de Amar”, “Sentinela” e “A Noite do Meu Bem”, além de ser considerada a principal voz na interpretação da obra de Dorival Caymmi. Seu timbre inconfundível e sua maneira única de cantar boleros e samba-canção fizeram dela uma artista reverenciada tanto no Brasil quanto no exterior.

Nana e Maria Bethânia – Reprodução: Facebook

Nos anos 1970, conquistou grande prestígio na Argentina, onde gravou álbuns e fez temporadas de sucesso. Já nos anos 1980 e 1990, lançou discos que se tornaram referência na MPB, como “Voz e Suor” (1983) e “A Noite do Meu Bem: As Canções de Dolores Duran” (1994). Em trilhas de novelas, sua voz emocionou milhões, tornando-se presença constante nas rádios e televisões do país.

Ao longo da carreira, Nana colaborou com nomes como Milton Nascimento, João Donato, César Camargo Mariano e Cristóvão Bastos. Seu último trabalho, lançado em 2020, “Nana-Tom-Vinicius”, reafirmou a potência artística da intérprete mesmo aos 79 anos.

Juntos, os irmãos Danilo (à esq.), Nana e Dori, durante gravação de disco com músicas do pai, Dorival Caymmi — Foto: Divulgação

Apesar das polêmicas — como suas posições políticas firmes e declarações públicas —, Nana Caymmi manteve sua integridade artística até o fim. Com uma carreira marcada por coerência estética, recusou modismos e se manteve fiel ao estilo que abraçou desde o início.

Nana parte deixando um legado inestimável para a música brasileira. Sua voz, seu sentimento e sua história continuarão vivos nas canções que interpretou como ninguém. Como canta em “Resposta ao Tempo”: “Ele zomba do quanto eu chorei / Porque sabe passar / Eu não sei”. O tempo passa, mas a arte de Nana Caymmi permanece.

Redação Saiba+

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