Brasil
Correios e MST lançam selo e líder vira plano B no PT
Parceria celebra 40 anos do MST e homenageia massacre de Eldorado do Carajás; João Paulo Rodrigues pode disputar comando do PT como “plano B” de Lula
Em um gesto simbólico que promete gerar repercussões políticas, os Correios fecharam uma parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para o lançamento de dois selos comemorativos em defesa da reforma agrária. A ação marca os 40 anos do movimento, completados em 2024, e homenageia o 17 de abril — Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária — data que relembra o massacre de Eldorado do Carajás, no Pará.
O episódio trágico, ocorrido em 1996, ficou marcado pela ação violenta da Polícia Militar contra uma marcha do MST, resultando na morte de 21 trabalhadores rurais. Desde então, o mês de abril passou a ser lembrado com a campanha nacional “Abril Vermelho”, na qual o movimento promove mobilizações em memória das vítimas e em defesa da reforma agrária.
Segundo os Correios, os detalhes da parceria — incluindo o design final dos selos — ainda estão sendo definidos. No entanto, a iniciativa já está sendo vista como uma sinalização de reconhecimento institucional a um dos movimentos sociais mais ativos do país.
MST movimenta os bastidores políticos
João Paulo Rodrigues, uma das principais lideranças do movimento, desponta como possível candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). Indicado por Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ), Rodrigues adotou como slogan o provocativo “como plano B, vote João Paulo do MST”.
A frase tem sido repetida pelo líder durante a Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada no Parque da Água Branca, em São Paulo, e deixa claro o tom da disputa interna que se aproxima. Rodrigues pode ser lançado como alternativa às candidaturas de Edinho Silva — favorito de Lula — e de Rui Falcão, ambos nomes tradicionais do partido.
A possibilidade de uma candidatura de João Paulo indica um racha crescente dentro da corrente majoritária do PT, a “Construindo um Novo Brasil” (CNB), que hoje tenta recompor a unidade entre Quaquá e Edinho. O senador Humberto Costa, atual presidente da sigla, reconheceu a tensão, mas se mostrou otimista. “Vamos trabalhar mais intensamente para conseguir a unidade da CNB em torno do Edinho. Já estamos trazendo o Quaquá para uma conversa”, afirmou.