Política
Eleições 2026: Michelle Bolsonaro ganha força
Ex-primeira-dama deixa de ser apenas “balão de ensaio” e passa a ser considerada de fato como presidenciável dentro do campo conservador
Aos poucos, Michelle Bolsonaro (PL) vai deixando o posto de “apoiadora de luxo” para se consolidar como uma das apostas do bolsonarismo para a disputa presidencial de 2026. Se antes seu nome era ventilado apenas como teste de popularidade, agora a ex-primeira-dama passou a ser tratada como uma candidata viável — e com potencial competitivo.
Inicialmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro cogitava lançar Michelle ao Senado pelo Distrito Federal. No entanto, o cenário político mudou e ela passou a ganhar musculatura própria dentro do PL, liderando articulações, abrindo diretórios do PL Mulher em todo o país e discursando em eventos públicos de relevância política.
Entre os motivos apontados por aliados para a possível candidatura ao Planalto, está o amadurecimento político da ex-primeira-dama. Seus discursos — antes voltados quase exclusivamente ao público evangélico — ganharam amplitude, e Michelle tem se posicionado em pautas nacionais, como a defesa da anistia aos presos do 8 de janeiro.
O pastor Silas Malafaia é um dos que defendem abertamente a candidatura. Para ele, Michelle conquistou o apoio de evangélicos, mulheres e do núcleo duro do bolsonarismo. “Ela falava só para dentro [do meio religioso], agora fala politicamente para fora. As pesquisas mostram Michelle melhor posicionada que Tarcísio, Zema e Ratinho”, afirmou.
Malafaia citou ainda o discurso da ex-primeira-dama durante o ato pela anistia, em que ela elogiou ministros do STF e citou falas de Gilmar Mendes sobre mães presas — uma sinalização política estratégica, que demonstra habilidade para dialogar além da base conservadora.
A vice-governadora do Distrito Federal e dirigente nacional do PP, Celina Leão, também reforça o crescimento da ex-primeira-dama. “Michelle ganhou uma musculatura política impressionante. Rodei o Brasil com ela nas eleições municipais e vi de perto a força dela. Onde quer que se vá, há um braço do PL Mulher ativo”, afirmou Celina.
Nos bastidores, aliados destacam que Michelle poderia ter vantagem em debates eleitorais por ser mulher, o que exigiria cautela dos adversários do sexo masculino no tom adotado. Além disso, a pacificação recente com Carlos Bolsonaro, após o afastamento de Eduardo Bolsonaro, é vista como um ponto positivo para a unidade da família e do movimento.
Por outro lado, o nome de Michelle ainda não é consenso entre os partidos de centro-direita que orbitam o bolsonarismo, como Republicanos, PSD e MDB. O mercado financeiro, por exemplo, tem demonstrado preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que até agora insiste que disputará a reeleição estadual, e não a Presidência.
Ainda assim, com carisma, base popular consolidada e o sobrenome Bolsonaro, Michelle pode surpreender. De figura coadjuvante à protagonista, ela se torna cada vez mais um nome real na corrida ao Palácio do Planalto.
