Política
Michelle avança com PL Mulher e causa racha entre aliados de Bolsonaro
Ex-primeira-dama amplia influência política e divide opiniões no próprio partido; investimento na imagem fortalece seu nome como possível candidata em 2026
Michelle Bolsonaro segue ampliando sua presença na política nacional ao consolidar sua liderança à frente do PL Mulher, setor feminino do Partido Liberal. Cotada como potencial candidata à Presidência da República, a ex-primeira-dama tem promovido eventos, publicado livros e utilizado sua imagem para mobilizar mulheres conservadoras, ao mesmo tempo em que provoca incômodos dentro da base bolsonarista.
No início de junho, durante o Encontro Nacional de Mandatárias, realizado em Brasília, Michelle lançou o livro “Edificando a Nação: Sobre Bases e Valores”, onde delineia diretrizes para a atuação feminina na política. O evento contou com mil participantes, entre senadoras, deputadas, prefeitas e vereadoras, reforçando seu poder de articulação e engajamento.
Desde que assumiu o comando do PL Mulher em março de 2023 — nomeada por Valdemar Costa Neto — Michelle tem recebido um orçamento de R$ 860 mil por mês, que vem sendo direcionado à reestruturação do setor feminino da sigla. As ações incluem eventos presenciais, viagens por diversos estados, fortalecimento das redes sociais e a criação de diretórios municipais.
O número de filiadas cresceu 14% entre 2023 e 2024, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), somando hoje 995 mandatárias eleitas. A deputada estadual Dani Alonso, vice-presidente do PL Mulher em São Paulo, afirma que Michelle “trouxe uma identidade forte ao partido”.
Com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o nome de Michelle ganha força nas pesquisas eleitorais. De acordo com o Datafolha, ela aparece com 26% das intenções de voto no primeiro turno, atrás apenas de Lula (37%). Em eventual segundo turno, perderia por uma margem apertada: 46% a 42%.
Apesar da ascensão, Michelle não é uma unanimidade dentro do PL. Recentemente, um vazamento de mensagens revelou críticas de aliados próximos ao ex-presidente, como o tenente-coronel Mauro Cid e Fábio Wajngarten. Michelle reagiu e exigiu a demissão de Wajngarten da sigla, num gesto de força e autonomia.
Para críticos internos, o alto investimento no nome da ex-primeira-dama evidencia um projeto de poder tutelado por Valdemar Costa Neto. Enquanto Michelle recebe ampla estrutura para fortalecer sua imagem, parlamentares como Eduardo Bolsonaro alegam falta de apoio da direção do partido.
O professor Paulo Henrique Cassimiro, da UERJ, analisa que Michelle tem forte apelo no eleitorado evangélico e pode ser vista como uma liderança política em construção.
“Ela fala como uma pastora, e isso dialoga com milhões de brasileiros. A direita a entende como uma mulher multifacetada — mãe, esposa, cristã e política.”
