Política
Governo Lula reage a ataque de Trump e Rui Costa dispara: “É inacreditável que se preocupem com a 25 de Março e o Pix”
Ministro da Casa Civil se junta à defesa da soberania nacional após EUA iniciarem investigação contra o Brasil e citarem Pix e comércio popular como “ameaças” ao comércio americano
A ofensiva comercial lançada pelo ex-presidente Donald Trump contra o Brasil ganhou uma resposta firme do governo Lula. Além da indignação expressa em carta oficial assinada por Geraldo Alckmin e Mauro Vieira, a reação ganhou um novo porta-voz nesta quarta-feira (16): o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que classificou a investigação americana como uma “intromissão absolutamente indevida”.
Em pronunciamento no Palácio do Planalto, Rui ironizou a lista de preocupações do governo dos EUA. “É inacreditável imaginar que o presidente de uma das maiores potências do mundo esteja preocupado com a Rua 25 de Março e com o Pix”, afirmou. Para ele, a ação de Trump é uma tentativa inaceitável de interferência em decisões soberanas do Brasil.
A Rua 25 de Março, tradicional polo de comércio popular em São Paulo, foi citada no relatório do USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) como exemplo negativo de proteção à propriedade intelectual. Já o Pix, sistema amplamente adotado pelos brasileiros, foi descrito como possível prática desleal de concorrência no setor de pagamentos digitais.
“Não dá para aceitar que um líder mundial queira definir o meio de pagamento de um país, adotado pelo povo, pelas empresas e pelo próprio sistema financeiro. O Pix é uma conquista brasileira, não será alterado por pressão externa”, cravou Rui Costa, em tom de defesa da soberania nacional.
O governo Lula trabalha para finalizar uma resposta técnica e diplomática à investigação, que se baseia na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA de 1974, e pode abrir caminho para retaliações tarifárias e sanções comerciais. Entre os temas abordados pelos americanos estão também desmatamento ilegal, propriedade intelectual, acesso ao mercado de etanol, tarifas de importação e até falta de medidas anticorrupção.
A equipe econômica considera que a inclusão do Pix no relatório demonstra fragilidade no argumento técnico. Para ministros de Lula, trata-se de uma tentativa de criar um “factoide” para forçar o Brasil a aceitar condições comerciais mais favoráveis aos EUA.
“Vamos responder com serenidade, diálogo e altivez, sem abrir mão da nossa autonomia”, disse Rui Costa. Ele também fez um apelo à união nacional diante da crise. “Independentemente de partido político, é hora de defender o Brasil. Nenhum outro líder mundial pode escolher o que será feito na 25 de Março ou nos meios de pagamento brasileiros. Isso é decisão nossa.”
Além da carta enviada aos representantes do comércio americano, o governo estuda acionar instâncias internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e já descartou qualquer possibilidade de alterar o Pix, que hoje movimenta bilhões de reais diariamente e é considerado uma revolução no sistema bancário nacional.
