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MST cobra Lula: “Cadê a reforma agrária?”

Movimento lança campanha nacional e critica lentidão do governo, congelamento de recursos e omissão diante do avanço do agronegócio

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Boné do MST durante sessão em homenagem ao movimento na Câmara dos Deputados em 2024 - Pedro Ladeira

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou, nesta segunda-feira (21), a campanha “Lula, cadê a reforma agrária?”, cobrando diretamente o presidente da República pelo que classifica como paralisação completa da política de redistribuição de terras no Brasil.

No manifesto divulgado ao público, o movimento faz uma forte ligação entre a defesa da soberania nacional e a urgência de garantir a produção de alimentos em pequenas propriedades rurais. Segundo o MST, essa soberania está ameaçada não só por pressões externas — como o tarifaço anunciado por Donald Trump nos EUA — mas, sobretudo, por fatores internos.

“A ameaça à nossa soberania popular e nacional também tem vindo de dentro do próprio país, com a subordinação da nossa agricultura às empresas transnacionais e com as ações do Poder Legislativo, representante dos interesses do agronegócio e da mineração”, afirma a carta do movimento.

O MST foi um dos principais aliados de Lula na eleição de 2022, mas vem demonstrando crescente insatisfação com a ausência de avanços concretos na reforma agrária. Desde o início do mandato, o grupo denuncia congelamentos de verbas e o descaso com políticas de incentivo à agricultura familiar e à produção de alimentos.

A campanha marca também uma mudança de tom: o movimento passa a reivindicar diálogo direto com o presidente, excluindo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, de quem pedem a demissão há meses.

“Após mais de três anos de governo Lula, a reforma agrária continua paralisada — e as famílias acampadas e assentadas se perguntam: Lula, cadê a reforma agrária?”

Segundo o movimento, existem hoje mais de 122 mil famílias acampadas em todo o país e cerca de 400 mil assentadas, que seguem sem acesso pleno a políticas públicas essenciais para a produção agrícola e o desenvolvimento dos seus lotes.

A carta também traz posicionamentos firmes contra:

  • o projeto de lei que flexibiliza o licenciamento ambiental, aprovado pelo Congresso e atualmente aguardando sanção ou veto de Lula;
  • o projeto que autoriza ações policiais em ocupações sem ordem judicial, visto como uma ameaça direta à luta por terra;
  • e a instrução normativa da era Bolsonaro, ainda em vigor, que facilita mineração e grandes obras em assentamentos, ferindo os princípios da reforma agrária popular.

Para o MST, reforma agrária não é apenas redistribuição de terras, mas uma estratégia nacional de soberania alimentar e justiça social. A campanha pretende mobilizar assentados, acampados e apoiadores em ações por todo o Brasil nas próximas semanas.

Redação Saiba+

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