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Trump define tarifa de até 50% para países “inimigos”, incluindo o Brasil
Presidente dos EUA promete taxa máxima para nações com práticas consideradas desleais e cita julgamento de Bolsonaro como motivo de retaliação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (24), durante uma cúpula sobre inteligência artificial em Washington, a adoção de um novo modelo de tarifas recíprocas de importação, que terá como base uma taxa mínima de 15% e poderá chegar a 50% para países com os quais os EUA “não têm se dado muito bem”.
Segundo Trump, o Brasil será um dos países mais afetados, com aplicação da tarifa máxima de 50% a partir de 1º de agosto. O presidente americano associou diretamente a medida à postura do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, além de alegar a existência de práticas comerciais desleais e restrições à atuação de empresas de tecnologia norte-americanas no Brasil.
“Vamos ter uma tarifa simples e direta, entre 15% e 50%. Algumas tarifas mais altas serão para países com os quais não temos nos dado muito bem”, declarou Trump.
O anúncio representa uma mudança significativa na política comercial americana, elevando o piso tarifário de forma agressiva. Trump ainda afirmou que, embora alguns países possam negociar acordos específicos para reduzir as taxas, não há mais interesse em negociações longas e bilaterais, como nos moldes anteriores.
A escalada protecionista
Desde abril, Trump tem reiterado o plano de impor uma tarifa universal mínima, inicialmente fixada em 10%, que agora será elevada para 15% como ponto de partida. Em julho, o presidente revelou que mais de 150 países receberiam comunicações formais sobre as novas regras tarifárias, incluindo nações da América Latina, Caribe e África.
Na mesma linha, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que países menores seriam mantidos na faixa de tarifa básica de 10% a 15%, enquanto aliados estratégicos poderiam obter reduções. Como exemplo, o Japão teve sua tarifa reduzida de 25% para 15% após acordos sobre importações e apoio a um fundo de investimento bilionário.
Já países como Coreia do Sul, Índia e os membros da União Europeia ainda tentam chegar a um entendimento antes da entrada em vigor das tarifas mais elevadas. Trump alertou que os acordos com a UE estão avançando, mas reforçou que “não é possível negociar com todos ao mesmo tempo”, justificando o modelo de imposição direta.
Retaliação por Bolsonaro e pressões políticas
A inclusão do Brasil na lista negra tarifária evidencia a deterioração das relações bilaterais e o uso da política comercial como instrumento de pressão diplomática. Trump tem defendido publicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e cobrado o fim do processo judicial conduzido pelo STF brasileiro.
Com a medida, exportadores brasileiros devem enfrentar prejuízos expressivos, principalmente nos setores agrícola, industrial e de tecnologia, ampliando as incertezas nas relações comerciais com os EUA.
