Brasil
PF investiga contrato de R$ 15 milhões com ONG ligada ao Ministério do Esporte
Operação mira suposto desvio de recursos públicos em eventos de esportes digitais financiados por emendas parlamentares
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta terça-feira (29) a Operação Korban, que apura o possível desvio de recursos públicos federais destinados à realização de jogos estudantis de esportes digitais. A investigação gira em torno de emendas parlamentares que totalizam cerca de R$ 15 milhões, repassadas à Associação Moriá, uma organização da sociedade civil com atuação registrada no Distrito Federal e em Anápolis (GO).
Segundo as autoridades, os recursos foram destinados à execução dos chamados Jogos Estudantis Digitais (JEDIS), realizados entre 2023 e 2024, por meio de convênios com o Ministério do Esporte, pasta chefiada desde setembro de 2023 pelo deputado licenciado André Fufuca (PP).
A operação cumpriu 16 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos estados do Acre, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. Além disso, foram determinadas medidas de sequestro de bens, bloqueio de contas bancárias e indisponibilidade patrimonial de empresas envolvidas, que podem chegar a R$ 25 milhões, segundo informações da CGU.
De acordo com os dados da investigação, a Associação Moriá já recebeu mais de R$ 90 milhões em emendas parlamentares nos últimos três anos, para atividades que vão desde competições de e-sports em dez estados até ações de controle de zoonoses no Acre. Em relação aos eventos digitais, os órgãos de controle identificaram gastos considerados exagerados como o aluguel de computadores por valores até 11 vezes superiores ao custo de aquisição, além da destinação de cerca de 40% dos recursos para festas de abertura e encerramento.
A entidade já figurava entre as dez ONGs destacadas em um relatório recente da CGU, que apontou indícios de gastos evitáveis, falta de transparência e ausência de análise crítica por parte do governo federal na liberação dos convênios. Em apenas dois dos contratos analisados, a Controladoria identificou despesas questionáveis no valor de R$ 1,7 milhão.
A apuração ocorre em meio a um esforço do STF, coordenado pelo ministro Flávio Dino, para ampliar a fiscalização sobre a aplicação de emendas parlamentares, com foco especial nas parcerias entre governo federal e organizações do terceiro setor.
