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Efeito Trump: carnes, café e pescados denunciam colapso

Sobretaxa de 50% dos EUA trava exportações e acende alerta no agro brasileiro

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Carne bovina está entre os produtos que terão sobretaxa de 50% pelo governo americano - Paulo Whitaker 07.mar.2023/REUTERS

A sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já provoca efeitos devastadores em setores-chave do agronegócio, como as indústrias de carnes, café e pescados. Com queda abrupta nas exportações, paralisações de produção e ameaças de demissões em massa, lideranças do setor pressionam o governo brasileiro por negociações imediatas e linhas de crédito emergenciais.

A medida do presidente Donald Trump entra em vigor a partir do dia 6 de agosto, mas os impactos já começaram a ser sentidos. No setor de café, o Brasil é responsável por 34% do mercado americano. Segundo Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, os EUA não têm como substituir o produto nacional a curto prazo. “Não há suspensão de embarques ainda, mas a falta de ação dos dois governos preocupa”, alerta.

Atualmente, o café brasileiro era taxado em 10%, e agora passará a 50%, o que, segundo Heron, poderá elevar os preços ao consumidor americano e gerar pressão inflacionária interna nos EUA.

Já o setor de carnes bovinas enfrenta paralisia. A Marfrig, uma das maiores exportadoras do mundo, suspendeu a produção em seu complexo de Várzea Grande (MT) destinada ao mercado americano. Segundo Roberto Perosa, presidente da Abiec, a expectativa de exportar 400 mil toneladas em 2025 está comprometida. “Essa taxação inviabiliza as vendas para os Estados Unidos. As fábricas já pararam de produzir as remessas”, afirmou.

Em junho, as exportações de carne para os EUA caíram 80% em relação a abril, enquanto o preço médio por tonelada subiu 12%. O setor teme agora medidas de reciprocidade, o que poderia encerrar qualquer espaço para diálogo diplomático.

O setor de pescados, com forte presença no Nordeste e alto índice de exportação para os EUA, também está em alerta. Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, revelou que a paralisação dos negócios já começou. “Ou o governo cria uma linha de crédito agora, ou vamos ter fechamento em massa de empresas e demissões em 15 dias”, declarou. A associação solicitou R$ 900 milhões em crédito emergencial, mas ainda não obteve resposta oficial.

Além dos prejuízos diretos às empresas, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) alertou para reflexos econômicos em cadeia, como impacto no câmbio, aumento no custo dos insumos importados e queda na competitividade do Brasil no comércio global.

O que está em jogo não é apenas o faturamento de grandes empresas, mas o futuro de milhares de trabalhadores, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, e a posição do Brasil nos mercados internacionais. O governo Lula, até o momento, adota postura considerada passiva pelo setor produtivo, que exige uma resposta diplomática e econômica à altura da crise.

Redação Saiba+

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