Política

Moraes pressiona Bolsonaro e antecipa campanha: reação pode virar contra Lula

Decisão do STF provoca escalada política, trava o Congresso e abre janela para reorganização da oposição

Publicado

em

Deputados da oposição fazem ato no plenário da Câmara contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro - Gabriela Biló

O segundo semestre de 2025 começou com o termômetro político acima da média. A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, aliada à imposição de tornozeleira eletrônica, provocou uma reação explosiva da base bolsonarista no Congresso Nacional e nas ruas. Os atos do último domingo (3), com presença significativa dos “camisas amarelas” em várias capitais, são apenas o prenúncio de um cenário de confronto permanente que deve marcar o restante do ano.

Tudo indica que, em menos de dois meses, o Supremo Tribunal Federal condenará Bolsonaro por participação na suposta tentativa de golpe. Enquanto isso, a base aliada do ex-presidente promete endurecer ainda mais sua atuação no Parlamento, usando os mecanismos do regimento para obstruir votações e paralisar a agenda legislativa do governo Lula.

Esse cenário provoca um efeito colateral de grandes proporções: a antecipação da campanha eleitoral. Se normalmente o terceiro ano de mandato é o último com possibilidade real de tramitação de projetos relevantes, em 2025 essa janela já está praticamente fechada.

O governo Lula é quem mais perde com esse encurtamento do calendário político. Projetos estratégicos da base governista, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, um novo auxílio-gás ampliado, benefícios para entregadores por aplicativo e o fim da escala 6×1, enfrentam ainda mais resistência diante do clima conflagrado.

A ação de Moraes, pensada para isolar Bolsonaro, pode ter efeito contrário: fortalecer a militância conservadora e abrir espaço para reorganização da direita. O próprio ex-presidente, isolado e debilitado, já é visto por aliados como incapaz de sustentar sua candidatura. Porém, isso o obriga a decidir se apoiará Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou outro nome, como seus filhos ou os governadores Ratinho Jr., Caiado ou Zema.

O embate jurídico e político deve se intensificar até setembro, quando é esperado o julgamento de Bolsonaro. Até lá, novas manifestações estão previstas e podem servir de gatilho para novas decisões de Moraes, alimentando um ciclo de reação e repressão com efeitos imprevisíveis.

A antecipação do clima de campanha traz um risco e uma oportunidade para os dois lados. Lula já consolidou sua pré-candidatura. A oposição, por sua vez, precisa definir seus rumos e nomes, o que pode diminuir a fragmentação e fortalecer o polo conservador.

Se nada mudar, 2025 será lembrado como o ano em que a campanha presidencial começou com um ano de antecedência — e com o Judiciário como protagonista indesejado dessa disputa.

Redação Saiba+

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Lidas da Semana

Sair da versão mobile