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Putin e Trump selam nova cúpula e ignoram Zelenski
Reunião entre os presidentes da Rússia e dos EUA será a primeira desde 2021; exclusão do ucraniano amplia tensão e reforça imagem de força de Moscou
O Kremlin confirmou nesta quinta-feira (7) uma reunião de cúpula entre Vladimir Putin e Donald Trump para a próxima semana, em um movimento que reforça os canais diplomáticos entre Rússia e Estados Unidos e marginaliza o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, cuja participação chegou a ser sugerida pelo ex-presidente americano, mas foi ignorada pelos russos.
A confirmação foi feita por Iuri Uchakov, assessor internacional de Putin e ex-embaixador nos EUA, após encontro com Steve Witkoff, negociador-chefe do republicano em Moscou. Segundo Uchakov, o encontro foi solicitado pelo lado americano e o Kremlin agora se dedica aos “preparativos concretos” da reunião.
Apesar de Trump afirmar que sugeriu incluir Zelenski na conversa, o Kremlin foi direto: “não houve resposta” sobre isso. Com isso, os dois líderes voltam a dialogar diretamente pela primeira vez desde 2021, quando Joe Biden, então recém-empossado, teve seu único encontro com Putin em Genebra.
Tensão diplomática, pressão por cessar-fogo e risco de novas sanções
Segundo fontes ouvidas pela Folha, o Kremlin vê o encontro como uma forma de ganhar tempo diante do ultimato imposto por Trump para que Putin aceite um cessar-fogo até esta sexta-feira (8). Caso contrário, o republicano promete novas sanções, especialmente no comércio de petróleo.
A ameaça de sanções mais duras, como as aplicadas contra a Índia, assustou setores da elite russa, que temem o efeito dominó em países como China e Brasil — este, um dos principais importadores de diesel russo. A movimentação já teve reflexo: a Bolsa de Moscou subiu 4,5% com a expectativa de um acordo.
Embora não se saiba ao certo quais os termos que estarão na mesa, fontes indicam que a pauta envolve concessões territoriais e redução da atividade militar russa, enquanto os EUA pressionam por um avanço concreto no diálogo entre Moscou e Kiev.
Zelenski fora do jogo?
Enquanto Putin e Trump se articulam, Zelenski corre o risco de ser deixado de lado mais uma vez. Internamente enfraquecido e alvo de protestos na Ucrânia, o presidente tenta demonstrar força militar: na noite desta quinta, ordenou o disparo de oito mísseis britânicos contra alvos russos, embora Moscou afirme ter interceptado todos.
Na linha de frente, as tropas russas avançam lentamente nas regiões de Donetsk e Dnipropetrovsk, enquanto no norte, em Sumi, há preparativos para uma possível nova ofensiva russa.
Trump, que prometeu acabar com a guerra em “24 horas” se voltasse ao poder, vê no encontro uma oportunidade de mostrar protagonismo no tabuleiro geopolítico e colher algum tipo de trégua que possa usar como trunfo eleitoral.
Local ainda indefinido
A reunião deve ocorrer na próxima semana, mas nenhum local foi oficialmente anunciado. Há especulação sobre os Emirados Árabes Unidos, que mantêm boas relações com ambos os líderes e já receberam visitas recentes tanto de Trump quanto de Putin.
