Política
EUA citam fala de Lula sobre Gaza e apontam aumento do antissemitismo no Brasil
Relatório anual também critica atuação de Alexandre de Moraes e denuncia casos de violência policial no país.
O governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, incluiu em seu relatório anual sobre direitos humanos uma crítica direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), citando sua declaração que comparou os ataques israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto como exemplo ao relatar o aumento do antissemitismo no Brasil. O documento também aponta casos graves de violência policial e acusa o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de censurar apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com o texto, a Confederação Israelita Brasileira (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) registraram 886 casos de antissemitismo entre janeiro e maio de 2024, quase seis vezes mais que no mesmo período do ano anterior, após o ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023.
O relatório cita a fala de Lula, feita em 18 de fevereiro durante viagem à Etiópia, na qual o presidente afirmou que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza… é um genocídio” e comparou a ofensiva israelense ao extermínio de judeus perpetrado por Adolf Hitler durante o regime nazista. A Conib repudiou a comparação, classificando-a como “infundada” e acusando o governo brasileiro de adotar postura “extrema e desequilibrada” sobre o conflito no Oriente Médio.
A fala provocou reação imediata do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que considerou a declaração de Lula como “vergonhosa e séria”, acusando o presidente brasileiro de banalizar o Holocausto e tentar ferir o direito de Israel à autodefesa.
Além das críticas a Lula, o relatório americano aponta casos de “homicídios arbitrários ou ilegais cometidos por policiais” no Brasil, destacando operações em São Paulo, Baixada Santista, Rio Grande do Sul e Roraima. Entre os episódios mencionados, está o de Vladimir Abreu de Oliveira, em Porto Alegre (RS), que teria sido torturado por 40 minutos por policiais militares antes de ser jogado de uma ponte, resultando em sua morte. Cinco policiais foram indiciados, dois deles permanecem presos preventivamente, e investigações seguem em andamento.
O documento reforça que esses casos, somados ao clima político, contribuíram para a avaliação negativa sobre a situação dos direitos humanos no Brasil em 2024.
