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Banco Master é alvo de investigação da CVM por suspeita de fraudes milionárias

Relatório aponta indícios de crimes financeiros e operações fraudulentas que podem comprometer a solidez da instituição

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CVM apontou que a fachada da clínica tem uma estrutura 'demasiadamente rudimentar' e não reflete os aportes milionários recebidos Foto: Washington Alves

Uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) levantou pela primeira vez a suspeita de crimes financeiros na gestão do Banco Master, envolvendo investimentos milionários fraudulentos que teriam inflado artificialmente o patrimônio da instituição. Segundo o órgão regulador, os aportes chegaram até mesmo a empresas ligadas à irmã do dono do banco, Daniel Vorcaro.

De acordo com o relatório, o Banco Master investiu R$ 2,1 bilhões em companhias sem capacidade econômica para dar retorno, o que, segundo a CVM, “pode comprometer severamente a solidez patrimonial da instituição financeira”.

Clínica com receita de R$ 54 mil recebeu aporte de R$ 361 milhões

A apuração destacou um caso emblemático: um investimento de R$ 361 milhões em uma pequena clínica médica em Contagem (MG), que em 2023 registrou apenas R$ 54 mil de receita bruta anual. A sócia da empresa, segundo a CVM, já havia trabalhado como recepcionista e vive em um imóvel incompatível com aportes milionários, levantando suspeitas de que seja apenas uma laranja.

A análise apontou que os recursos vieram exclusivamente do Banco Master, revelando operações direcionadas e potencialmente fraudulentas. A auditoria também identificou outros aportes semelhantes, alguns ligados a empresas associadas à família Vorcaro.

Negociação com o BRB em risco

Atualmente, o Banco Central avalia a proposta do BRB (Banco de Brasília) para a compra de 58% do Banco Master, mas a operação sofre resistência dentro da própria autarquia e já foi questionada pelo Ministério Público do Distrito Federal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também teria manifestado reservas em relação ao negócio.

A CVM concluiu que há indícios de crimes de gestão fraudulenta (art. 4º da Lei 7.492/86), que prevê pena de reclusão de 3 a 12 anos. O relatório já foi encaminhado ao Banco Central e a outros órgãos de controle para subsidiar investigações.

Notas de esclarecimento

Em resposta, o Banco Master declarou que os créditos mencionados já foram integralmente quitados e que a instituição “não possui exposição às empresas citadas”. Afirmou ainda que nunca foi formalmente notificado pela CVM e classificou a apuração como “vazamento seletivo de informações à imprensa”.

Já a Clínica Mais Médicos S.A. disse que mantém mais de 30 anos de atuação no setor de saúde suplementar e garantiu que todas as operações financeiras com o Banco Master foram quitadas, reafirmando compromisso com a transparência e a ética.

Redação Saiba+

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