Política
PF indicia Bolsonaro e Eduardo; Malafaia é alvo de operação e proibido de contato
Ex-presidente e filho são acusados de tentar obstruir julgamento no STF; pastor Silas Malafaia teve celular apreendido e está impedido de manter contato com ambos
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sob suspeita de obstrução de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), além de crimes como coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. O relatório final da investigação foi entregue ao STF na sexta-feira (15).
Paralelamente, o pastor Silas Malafaia, aliado próximo de Bolsonaro, foi alvo de uma operação da PF nesta quarta-feira (20). Ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa, ele teve o celular apreendido. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, Malafaia está proibido de sair do país, teve seus passaportes cancelados e não poderá manter contato com Bolsonaro e Eduardo, nem mesmo por intermédio de terceiros.
Eduardo Bolsonaro sob investigação nos EUA
Eduardo Bolsonaro passou a ser investigado por suas articulações políticas nos Estados Unidos, onde está desde março. Ele teria buscado apoio de parlamentares estrangeiros para pressionar instituições brasileiras, inclusive articulando pedidos de sanção contra autoridades nacionais.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu abertura de inquérito em maio, alegando que a atuação do deputado pode configurar crimes como obstrução de investigação de organização criminosa e atentado à soberania nacional. Para a PGR, “a tentativa de submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado caracteriza atentado à soberania nacional”, conduta tipificada no Código Penal.
Malafaia sob suspeita de articular pressões ao STF
De acordo com despacho de Alexandre de Moraes, há “fortes indícios de participação de Silas Lima Malafaia na empreitada criminosa, de maneira dolosa e em unidade de desígnios com Jair Messias Bolsonaro e Eduardo Nantes Bolsonaro”.
A PF aponta que o pastor, um dos mais influentes líderes evangélicos do país, atuou na definição de estratégias de coação, na difusão de narrativas inverídicas e no direcionamento de ações coordenadas contra o STF.
Em agosto, Malafaia organizou um ato em apoio a Bolsonaro, no qual o ex-presidente participou por vídeo transmitido em redes sociais de terceiros. No dia seguinte, Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.
Reação política
A operação contra Malafaia gerou forte reação na bancada evangélica do Congresso. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) classificou a decisão como “perseguição religiosa”. Segundo ele, “a perseguição autoritária juristocrática que se dava por motivos ideológicos agora incluiu a perseguição religiosa, a perseguição a um pastor”.
As medidas ampliam o cerco judicial contra aliados de Bolsonaro e devem impactar diretamente o cenário político da direita, já que atingem simultaneamente o ex-presidente, seu filho e um dos principais líderes religiosos do país.
