Bahia
Carretas ligadas ao PCC são flagradas em posto de combustíveis na Bahia
Polícia Federal e ANP investigam veículos de empresas acusadas de integrar esquema bilionário de adulteração e lavagem de dinheiro.
Ao menos 22 carretas das empresas G8Log e Moskal Log, ligadas a empresários investigados por integrarem o esquema bilionário do Primeiro Comando da Capital (PCC), estão paradas desde a última sexta-feira (29) em um posto de combustíveis em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
De acordo com os motoristas, os veículos haviam descarregado um produto em uma indústria local, mas não revelaram qual era o composto. O programa Fantástico mostrou que as mesmas carretas foram flagradas transportando metanol, substância usada para adulterar gasolina e etanol e considerada altamente prejudicial à saúde humana e aos motores de veículos.
Na sexta-feira, a Polícia Federal (PF) esteve no local, conversou com os motoristas e coletou dados para averiguação, mas não encontrou irregularidades imediatas. A instituição, no entanto, não respondeu sobre a origem e o destino final dos caminhões.
Já a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou em nota que fiscais compareceram ao posto, coletaram informações e acionaram a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz-BA). Além disso, a Agência mantém contato com as autoridades responsáveis pela Operação Carbono Oculto, que investiga a atuação do grupo criminoso.
Os empresários Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, apontados como chefes do esquema e foragidos da Justiça, foram os principais alvos da operação deflagrada pelo Gaeco, Ministério Público de São Paulo e Receita Federal.
Segundo as investigações, o PCC controlava mais de 1,2 mil postos de combustíveis em diferentes estados e usava usinas de etanol, distribuidoras, transportadoras, fintechs e fundos de investimento para lavar dinheiro. O metanol era importado clandestinamente pelo Porto de Paranaguá (PR) e desviado para adulteração de combustíveis.
O grupo chegou a adquirir cinco usinas de etanol endividadas, pagando até 43% acima do valor de mercado para movimentar valores ilícitos. Em apenas dois anos, o faturamento da rede saltou de zero para quase R$ 800 milhões em 2021. Parte desses recursos foi transferida ao empresário Rafael Renard Gineste, preso ao tentar fugir de lancha em Santa Catarina.
Além do mercado de combustíveis, a quadrilha também atuava em esquemas de lavagem em padarias e postos de gasolina, utilizando empresas de fachada e laranjas como testa de ferro. A Dubai Administração de Bens Ltda. foi identificada como administradora da rede de padarias, que chegou a figurar entre as mais bem avaliadas de São Paulo.
As investigações seguem em andamento para apurar a atuação das carretas paradas em Camaçari e os possíveis vínculos com o núcleo baiano da organização criminosa.
