Política

Lula e Trump encenam diplomacia de espetáculo

Relação bilateral ganha tom teatral: diálogos públicos, gestos simbólicos e confrontos nos bastidores

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O presidente Lula discursa na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York Foto: Spencer Platt/AFP

A recente interação entre Lula e Donald Trump parece ter mais a ver com teatro diplomático do que com articulação política estatutária. Troca de declarações amistosas, aparições midiáticas e promessas vagas coexistem com acusações mútuas, tarifas e decisões políticas que mantêm a tensão. Em que pese à cordialidade declarada, a diplomacia entre os dois lideres revela um jogo de cena onde o simbólico, muitas vezes, fala mais alto que o efetivo.

Entre os atos simbólicos, há o discurso de “boa química” entre os países, convites públicos para encontros internacionais e o tom otimista das declarações conjuntas. Contudo, sob essa fachada, persistem medidas concretas de confronto — tarifas, sanções, e posicionamentos controversos. Esse contraste faz parte de uma estratégia de comunicação que busca agradar diferentes audiências internas: setores econômicos, eleitorado nacionalista ou críticas de opositores.

Em bastidores, diplomatas avaliam que essa diplomacia do espetáculo serve a dois propósitos: primeiro, suavizar ou neutralizar críticas externas sobre medidas restritivas ou sanções; segundo, construir narrativas positivas para consumo interno, reforçando a imagem de liderança forte. Nesse sentido, Lula e Trump utilizam tanto cenas públicas como notas reservadas, telefonemas e declarações calculadas para manter uma percepção de cooperação sem comprometer posições estratégicas.

O resultado prático dessas interações ainda está longe de se cristalizar. Há espaço para avanços — em comércio, tarifas e acordos diplomáticos —, mas também para decepções e ruídos. A diplomacia do telecatch, como se poderia chamar esse estilo, depende de desempenho em cena enquanto o árbitro técnico (comércio, economia, tratados) fiscaliza de perto. E, acima de tudo, testa a capacidade dos dois governos de transformar gestos dramáticos em resultados tangíveis.

Redação Saiba+

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