Política
Lula aposta em novo slogan e discurso nacionalista para recuperar popularidade
Sidônio Palmeira articula mudança de narrativa do governo, com foco no combate a privilégios e no apelo à justiça social e ao orgulho nacional

A poucos meses do início da corrida eleitoral de 2026, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma mudança estratégica em sua comunicação institucional. O slogan “União e Reconstrução”, usado desde o início do mandato, dará lugar a um novo mote que reflita combate a privilégios, justiça social e orgulho nacional, numa tentativa de reconectar Lula à sua base e sinalizar que o governo tem lado.
A mudança, comandada pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, também mira diretamente a recuperação da popularidade do presidente, especialmente entre os mais pobres e no Nordeste, onde o apoio ao governo caiu nos últimos meses. A proposta é nacionalista, mas centrada em mostrar que combater privilégios abre espaço para que mais brasileiros prosperem, sem limitar o discurso à dicotomia entre ricos e pobres.
Em paralelo, ministros e porta-vozes do governo vêm sendo orientados a enfatizar que o principal adversário do Brasil é o sistema de desigualdade, que beneficia uma minoria — o chamado “1%” — enquanto penaliza a ampla maioria da população. “Trabalhador que enfrenta trânsito, filas e alta carga tributária não pode pagar mais imposto do que banqueiros e bilionários”, defendem aliados de Lula.
A ideia de que programas sociais beneficiam também a classe média passa a integrar o novo discurso. Linhas de crédito populares para reforma de moradias e incentivos a pequenos empreendedores estão entre os exemplos citados como ações que impactam positivamente um público mais amplo.
Estratégia inclui reação à crise e foco no “inimigo comum”
A decisão de acelerar a mudança de slogan e a nova campanha institucional foi tomada após a crise gerada pelo decreto que previa aumento nas alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida enfrentou resistência do Centrão, que mesmo ocupando 14 ministérios, se articulou para derrubar a proposta no Congresso. O caso evidenciou a fragilidade de um governo de coalizão sem identidade clara.
Para conter os danos e recuperar apoio, o governo lançou uma campanha nas redes sociais que viralizou, apresentando Lula como defensor dos mais pobres e cobrador de impostos sobre o chamado “BBB” — Bilionários, Bancos e Bets (casas de aposta). Segundo a Secom, o engajamento da campanha superou as expectativas e apontou um caminho viável para reposicionar o governo diante da opinião pública.
Outro fator que impulsionou o tom nacionalista foi a recente declaração do presidente norte-americano Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, alegando ingerência judicial no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em resposta, Lula voltou a usar o boné com a frase “O Brasil é dos brasileiros”, reforçando o tom soberano e patriótico que agora guiará a narrativa oficial.
Sidônio: entre crises e reconstrução da imagem de Lula
No cargo há seis meses, Sidônio Palmeira acumula embates internos e externos. Desde que assumiu a Secom, já enfrentou pelo menos 12 grandes crises, que vão desde fake news sobre o Pix até disputas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre estratégias de comunicação.
Apesar das turbulências, Sidônio conta com o respaldo direto de Lula e mantém sua missão: recuperar a aprovação do presidente. “Sou uma pessoa determinada. Vim para fazer um doutorado. Estou ministro hoje, amanhã posso não estar”, afirmou ele ao Estadão. A fala reflete seu perfil técnico, apesar da pressão política.
Internamente, o Palácio do Planalto avalia que o novo slogan deve servir não apenas para resgatar a popularidade de Lula, mas também como base para a campanha de reeleição em 2026. A promessa é de um novo ciclo, com foco na defesa do Brasil, na superação das desigualdades históricas e na reconstrução da autoestima nacional.
Enquanto isso, Sidônio já é alvo da oposição. Postagens da Secom que chamaram o Congresso de “mamata” e críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), geraram reações duras. Deputados exigem explicações formais em agosto, após o recesso. Até lá, o novo slogan do governo Lula já estará nas ruas — e promete dar o tom da próxima fase da gestão.
Política
Trump questiona Luiz Inácio Lula da Silva sobre prisão e menciona “perseguição”
Durante reunião diplomática, Donald Trump retirou o foco dos temas oficiais para comentar trajetória do presidente brasileiro e o chamou de “vítima de perseguição”.

Em um encontro marcado por tensões e gestos diplomáticos, o presidente Donald Trump mostrou um interesse inesperado na vida pessoal do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo relatos dos bastidores, Trump teria perguntado “quanto tempo você ficou preso?” ao líder brasileiro, se referindo aos processos e à detenção anterior de Lula.
Mais do que curiosidade, Trump qualificou a trajetória de Lula como sendo de alguém “perseguido” politicamente, o que levanta interpretações sobre o clima e a estratégia de aproximação entre as duas nações.
Apesar de a pauta oficial da reunião tratar de comércio bilateral, tarifas e cooperação, o episódio revela que as interlocuções diplomáticas assumem múltiplas camadas — entre negociações técnicas e simbolismos políticos. A ênfase na vida pessoal serve como elemento simbólico: ao exaltar a volta de Lula à presidência após enfrentar acusações e prisão, Trump procura manifestar admiração ou buscar narrativa de reviravolta.
Para o governo brasileiro, o gesto pode representar uma vitória de imagem: ser reconhecido internacionalmente como líder que superou obstáculos e voltou ao poder. Para os Estados Unidos, a conversa revela uma tentativa de estabelecer redenção ou afinidade política, possivelmente projetada em futuros diálogos comerciais ou estratégicos.
No entanto, o episódio também gera críticas: especialistas em política externa apontam que, quando questões pessoais ganham tanto destaque, elas podem diluir o foco das negociações técnicas e criar expectativas desequilibradas. Um analista resumiu: “o que era uma reunião sobre tarifas virou cenário para narrativa pessoal”.
Em resumo, o encontro entre Trump e Lula ilustra que na diplomacia contemporânea os detalhes – como uma pergunta sobre prisão – podem ter impacto simbólico tão relevante quanto os acordos formais. Como resultado, resta acompanhar se o reconhecimento da trajetória de Lula se traduzirá em avanços concretos nas relações comerciais e estratégicas entre Brasil e Estados Unidos.
Política
Lula afirma que ainda não há exigências de Trump sobre o “tarifaço”
Em encontro diplomático marcado na Malásia, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se preparam para negociar futura redução de tarifas, sem pé na mesa por enquanto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, ainda não apresentou exigências formais em relação à redução do chamado “tarifaço” aplicado sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o momento é de diálogo e construção de consensos, e não de imposições.
Durante agenda internacional, o presidente ressaltou que as negociações entre os dois países devem ocorrer com respeito mútuo e equilíbrio econômico, destacando que “não há exigências dele, e não há exigências nossas ainda”. A fala evidencia a estratégia de manter abertas as portas para o entendimento, sem assumir compromissos unilaterais que possam prejudicar a indústria nacional.
A medida de Trump, que elevou tarifas sobre exportações brasileiras em setores estratégicos, é vista pelo governo como um desafio diplomático que precisa ser tratado com prudência e firmeza política. Lula reiterou que o Brasil buscará condições justas de comércio internacional, priorizando o fortalecimento das exportações e a valorização da produção nacional.
O encontro entre os dois líderes, previsto para os próximos dias, deve definir os rumos da relação econômica bilateral. De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é que a reunião aproxime as posições e crie um ambiente propício para um acordo comercial mais equilibrado.
A postura de Lula reforça a imagem de um governo disposto ao diálogo, mas atento à defesa dos interesses brasileiros, sobretudo em temas ligados à competitividade, à indústria e à soberania econômica.
Política
Haddad prefere “ser gastador” a “caloteiro”, diz ministro da Fazenda
Em tom firme, Fernando Haddad defende o pagamento de precatórios e reafirma compromisso com a responsabilidade fiscal

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira que o governo federal deve manter o pagamento regular dos precatórios, reforçando a importância de preservar a credibilidade financeira do país. Em suas palavras, ele afirmou que prefere “ter a pecha de ter gastado mais do que a de caloteiro”, deixando claro que a prioridade é honrar as dívidas judiciais da União.
Durante o discurso, Haddad criticou a ideia de adiar ou suspender pagamentos de precatórios, classificando tal prática como ilegal, inconstitucional e irracional. Para ele, a postergação desses valores não apenas compromete o equilíbrio fiscal, mas também afeta cidadãos e empresas que aguardam há anos por decisões judiciais transitadas em julgado.
O ministro enfatizou que o governo federal tem condições de cumprir suas obrigações sem recorrer a manobras contábeis. “A União tem capacidade de financiamento e deve dar o exemplo”, disse Haddad, destacando que a credibilidade econômica é construída com previsibilidade e respeito às regras.
A fala ocorre em meio às discussões sobre novas normas de controle de gastos públicos e revisão das regras fiscais. Haddad reforçou que o equilíbrio das contas públicas não deve vir à custa de descumprimentos judiciais, mas por meio de gestão responsável e planejamento de longo prazo.
O posicionamento do ministro foi visto como uma tentativa de consolidar uma imagem de responsabilidade e transparência diante de um cenário de incertezas fiscais. Com a declaração, Haddad sinaliza que o governo busca manter o compromisso com a estabilidade econômica, ainda que enfrente críticas por ampliar despesas em algumas áreas.
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