Política
General admite autoria de plano que previa assassinato de Lula e Moraes
Em depoimento ao STF, militar da reserva ligado ao governo Bolsonaro confirma ter redigido documento com estratégias para matar autoridades e derrubar a ordem democrática
O general da reserva Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, admitiu nesta quinta-feira (22), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), ser o autor do documento que traçava estratégias para a eliminação física de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. O texto, intitulado “Plano Punhal Verde e Amarelo”, foi apontado pela Polícia Federal como parte da arquitetura de um golpe de Estado fracassado.
Em audiência conduzida por um juiz instrutor designado pelo ministro Alexandre de Moraes, Fernandes reconheceu a autoria do material apreendido em seus dispositivos eletrônicos, mas tentou minimizar a gravidade do conteúdo. Segundo ele, tratava-se apenas de uma “análise pessoal de riscos” que teria sido impressa para leitura própria e depois rasgada.
“Esse arquivo digital é um estudo de situação. Não foi compartilhado com ninguém”, afirmou o general.
Apesar da tentativa de despolitizar o plano, o documento descreve, com detalhes, cenários para assassinatos de autoridades públicas e ações armadas que sustentariam uma tentativa de ruptura institucional. O conteúdo serviu de base para a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Fernandes, que responde no chamado “núcleo 2” da trama golpista.
“Não passa de um pensamento digitalizado”, disse o general, que se disse arrependido de ter registrado o material.
A PGR denunciou Fernandes por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A audiência marca a primeira manifestação pública do general desde sua prisão, ocorrida em novembro de 2023.
O depoimento reforça a gravidade das investigações sobre o planejamento de ações violentas que visavam desestabilizar o regime democrático no Brasil e reacende o debate sobre o papel de militares da reserva e aliados do bolsonarismo nas articulações golpistas reveladas pela PF.
