Brasil
Trump dobra aposta contra Moraes e mira novos ministros do STF
Governo Trump aumenta pressão sobre Judiciário brasileiro e insinua novas sanções; parlamentares democratas reagem e classificam medida como absurda
A temperatura nas relações entre Brasil e Estados Unidos voltou a subir nesta quinta-feira (31), após novas declarações do governo Donald Trump contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O porta-voz adjunto do Departamento de Estado americano, Thomas Pigott, reiterou as acusações que embasaram a sanção do magistrado sob a Lei Magnitsky, afirmando que “togas judiciais não podem protegê-los” de violações aos direitos humanos.
“Moraes é um juiz ativista que abusou de sua autoridade ao silenciar opositores por meio de ordens secretas. Isso serve de alerta”, disparou Pigott.
A declaração não apenas mantém acesa a tensão diplomática entre os países, como também indica que novos ministros do STF podem ser incluídos nas sanções aplicadas pelo Ofac (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros). Os nomes de Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso estão entre os citados por aliados de Trump como possíveis alvos futuros.
Bolsonaristas inflam tensão e provocam ministros
Do lado brasileiro, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro seguem pressionando Washington. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista Paulo Figueiredo intensificaram os ataques ao STF e ironizaram uma publicação feita por Gilmar Mendes em defesa de Moraes.
“Obrigado, Gilmar. Essa declaração explícita facilita a aplicação das sanções contra você”, escreveu Figueiredo no X (antigo Twitter).
Eduardo Bolsonaro compartilhou a mensagem e reafirmou que tem pedido ao governo Trump para não poupar os ministros envolvidos em perseguição a opositores.
Democratas dos EUA reagem: “Ataque inaceitável ao STF”
A escalada de sanções contra autoridades brasileiras provocou forte reação de senadoras democratas nos EUA. Elizabeth Warren e Jeanne Shaheen divulgaram nota condenando a decisão de Trump:
“É um absurdo utilizar um programa de sanções financeiras criado para punir ditadores e violadores dos direitos humanos para atingir um ministro do Supremo brasileiro”, afirmaram.
Segundo elas, a medida representa um ataque direto à Justiça brasileira e pode minar a credibilidade dos EUA no cenário internacional. As parlamentares também alertaram para os efeitos negativos de sanções econômicas contra o Brasil, como sobretaxas sobre o café e o feijão.
Tarifaço de Trump ameaça economia global
Além do embate judicial, o governo Trump também tem sido alvo de críticas por sua política tarifária agressiva. A alíquota média de importação dos EUA saltou de menos de 4% para cerca de 18% — o maior patamar desde os anos 1930.
Estudos do Budget Lab da Universidade de Yale apontam que a medida pode causar:
- Alta da inflação em até dois pontos percentuais
- Queda do PIB dos EUA em 0,5% este ano e quase 1% em 2026
- Aumento do custo de vida para os mais pobres
A arrecadação extra estimada com tarifas é modesta (US$ 200 bilhões por ano) e não compensa os danos econômicos esperados, como queda no consumo, encarecimento de produtos e retração da economia.
Trump aposta na imprevisibilidade como arma política
O cenário é agravado pela falta de estabilidade nas decisões de Trump, que tem usado tarifas como ferramenta ideológica e eleitoral. A base jurídica de muitas das medidas ainda pode ser contestada na Justiça americana.
Além disso, o ex-presidente enfrenta denúncias que vão de tentativas de minar o Federal Reserve até a reabertura de investigações no caso Epstein, o que o leva a criar factoides midiáticos para desviar o foco.
Com a campanha presidencial em curso, tudo indica que o Judiciário brasileiro continuará sendo peça no tabuleiro político de Trump — com consequências imprevisíveis para a democracia, a economia e as relações bilaterais.
