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Trump acena para diálogo com Lula

Presidente brasileiro afirma que está aberto ao diálogo, mas reitera defesa dos interesses nacionais frente ao tarifaço norte-americano

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O presidente Lula (PT) durante evento no Palácio do Planalto. - Pedro Ladeira - 30.O presidente Lula (PT) durante evento no Palácio do Planalto. - Pedro Ladeira - 30.jul.2025/FolhapressO presidente Lula (PT) durante evento no Palácio do Planalto. - Pedro Ladeira - 30.jul.2025/Folhapressjul.2025/Folhapress

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (1º), em declaração à imprensa na Casa Branca, que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pode falar com ele “quando quiser”. A resposta foi dada à jornalista Raquel Krähenbühl, da TV Globo, durante uma conversa informal.

Horas depois, Lula reagiu em tom firme, afirmando em publicação no X (antigo Twitter) que “sempre estivemos abertos ao diálogo”, mas deixou claro que seu foco atual é defender os interesses do Brasil frente às tarifas norte-americanas.

“Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, escreveu.

O impasse ocorre após os Estados Unidos imporem tarifas adicionais de 50% sobre diversos produtos brasileiros, sob justificativa política. Trump disse “amar o povo brasileiro”, mas criticou o governo ao declarar que “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”.

Diálogo técnico e precaução diplomática

Segundo fontes do Itamaraty e do Palácio do Planalto, o aceno de Trump ainda não configura convite formal. Qualquer telefonema entre os chefes de Estado requer preparação cuidadosa para evitar constrangimentos diplomáticos.

Lula já havia mobilizado ministros para tentar uma conversa com o republicano, mas até então sem retorno. Em julho, Trump declarou que só falaria com o petista “em outro momento”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve retomar diálogo com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, na próxima semana, dando continuidade à agenda iniciada em abril. Ao todo, mais de 20 reuniões bilaterais envolvendo representantes dos dois governos já foram realizadas para discutir o impacto das tarifas.

A equipe de Lula demonstra cautela: antes de qualquer ligação, o presidente deseja garantir que o foco da conversa seja comercial, evitando temas institucionais ou políticos, especialmente diante das críticas americanas relacionadas ao ministro Alexandre de Moraes e à regulação das big techs.

Histórico de tensões e movimento diplomático intenso

Lula e Trump nunca se encontraram pessoalmente, e ambos já trocaram críticas no passado. O Planalto teme que um contato direto mal planejado possa ser explorado politicamente.

Mesmo assim, há avanços. Na última semana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com o secretário de Estado Marco Rubio, em Washington. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também responde pelo Ministério da Indústria, tem liderado conversas com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick.

Até o momento, quase 700 produtos brasileiros foram isentos das novas tarifas, mas o governo segue mobilizado para reverter a medida como um todo. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), 27 reuniões já foram realizadas pelo Comitê Interministerial criado por Lula, com participação de representantes públicos, empresas e entidades privadas.

A expectativa do governo é que os contatos diplomáticos em curso preparem o terreno para um encontro de alto nível, sem improvisos, com foco no respeito mútuo e na defesa da soberania nacional.

Redação Saiba+

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