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Lula descarta diálogo com Trump sobre tarifas

Presidente rejeita “humilhação” de ligar para Trump, critica intromissão dos EUA no caso Bolsonaro e anuncia medidas para proteger empregos, buscar novos mercados e fortalecer política mineral brasileira

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Em meio à entrada em vigor das novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não há espaço para negociação direta com Donald Trump e classificou como inadmissível qualquer tentativa de pressão externa sobre o Brasil.

Em entrevista à agência Reuters, Lula declarou que não pretende ligar para o presidente norte-americano, afirmando que “não vai se humilhar” diante da falta de disposição dos EUA para dialogar. Segundo ele, os ministros Geraldo Alckmin (vice-presidente), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) já estão tentando abrir canais de interlocução, sem sucesso até agora.

“Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, disse o presidente.

Apesar das tarifas elevadas, Lula minimizou o impacto sobre a economia brasileira, destacando que os Estados Unidos representam hoje apenas 12% do comércio exterior do Brasil, contra quase 30% da China. Ele prometeu ações compensatórias para apoiar empresas afetadas e proteger empregos, sem detalhar ainda as medidas.

Lula também anunciou que iniciará conversas com líderes do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), propondo uma resposta conjunta à guerra comercial promovida por Trump. Ele acusou o presidente americano de tentar desmontar o multilateralismo e impor acordos unilaterais.

“O que o Trump está fazendo é tentar acabar com o multilateralismo. Ele quer negociar sozinho, no braço, com cada país.”

Minerais críticos como questão de soberania

Durante a entrevista, Lula revelou planos para instituir uma nova política nacional voltada aos minerais estratégicos, considerados recursos fundamentais para a transição energética. Um conselho nacional será criado, ligado à Presidência da República, para tratar do tema.

“Poucos países do mundo têm a chance que o Brasil está tendo nessa questão da transição energética”, afirmou.

Segundo ele, o Brasil não pode repetir o erro histórico de exportar minérios brutos e importar produtos com alto valor agregado. O país fará um mapeamento detalhado de sua riqueza mineral e buscará agregar valor à sua produção interna.

Críticas à ligação entre tarifas e Bolsonaro

Lula criticou duramente a tentativa de Trump de vincular as tarifas a uma possível suspensão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. Para Lula, essa interferência é “inaceitável” e um atentado à soberania do país.

O presidente brasileiro também afirmou que Bolsonaro e seu filho Eduardo devem responder judicialmente por incitarem os EUA contra o Brasil, o que classificou como uma “traição à pátria”.

“Insuflar o presidente dos EUA contra o Brasil, causando prejuízo à economia e aos trabalhadores brasileiros, é crime de traição. Isso nunca aconteceu antes.”

Encerrando, Lula afirmou que buscará alternativas comerciais em outros mercados, continuará dialogando com aliados internacionais e irá à frente com medidas internas para garantir estabilidade econômica e soberania nacional diante da crise comercial com os EUA.

Redação Saiba+

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