Brasil
11 milhões de posts em poucas horas: Bolsonaro domina redes após tornozeleira
Levantamento revela divisão quase simétrica entre apoio e rejeição à ação da PF contra o ex-presidente; imprensa internacional compara caso ao de Cristina Kirchner, na Argentina
A operação da Polícia Federal que impôs o uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, por decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF), movimentou intensamente as redes sociais brasileiras nesta sexta-feira (18). De acordo com levantamento da Ativaweb Group, foram registradas 11,6 milhões de postagens no Facebook, Instagram e X em apenas quatro horas, entre 6h e 11h30 da manhã.
Segundo os dados, houve uma polarização massiva, com o Brasil dividido em dois blocos praticamente simétricos. 41,3% das postagens foram negativas à operação da PF, com críticas ao STF, denúncias de perseguição política e acusações de autoritarismo. Por outro lado, 41,5% das menções apoiaram a operação, defendendo as instituições e celebrando o que classificaram como justiça feita. Os 17,2% restantes foram classificados como neutros, compostos por links jornalísticos e descrições sem viés.
Mesmo com 26,8 milhões de seguidores, Bolsonaro sofreu uma queda de 23,6% nas interações, o que demonstra uma erosão no engajamento emocional de sua base. “A direita continua mobilizada, mas já não controla sozinha os algoritmos. A esquerda e o centro institucional furaram as bolhas digitais e começaram a ditar parte do ritmo da narrativa”, aponta o relatório da Ativaweb.
A decisão de Moraes de retirar Bolsonaro das redes sociais teve efeito limitado na presença digital da direita. Perfis como os de Michelle Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e grupos como ‘Fechados com Bolsonaro’ rapidamente passaram a retransmitir mensagens e indignação da base, mantendo o movimento ativo nas plataformas.
Além disso, houve um salto nas buscas por termos como “tornozeleira eletrônica”, “STF golpe” e “Bolsonaro proibido de usar redes”, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiás e Minas Gerais.
Repercussão internacional
A imprensa internacional também repercutiu fortemente a decisão. Na Argentina, o Clarín comparou o caso ao da ex-presidente Cristina Kirchner, que também utiliza tornozeleira eletrônica em prisão domiciliar. O La Nación destacou que a operação ocorreu dias após o início da disputa comercial com os EUA, que anunciaram taxas de 50% sobre produtos brasileiros.
Nos Estados Unidos, o The New York Times publicou que a defesa de Bolsonaro ficou surpresa com a decisão e considerou as medidas “severas”. O jornal mexicano El Universal destacou que Moraes justificou a decisão como forma de impedir tentativas de obstrução judicial.
Na Europa, o Le Monde afirmou que a operação teve como objetivo evitar possível fuga do ex-presidente, enquanto o The Guardian ressaltou o temor do STF de que Bolsonaro escapasse da jurisdição antes do julgamento por tentativa de golpe.
