Brasil
Moraes não tem contas, nem bens nos EUA e filhos de Bolsonaro divergem sobre sanção
Ministro do STF minimiza medida do governo americano e diz a aliados que não se sente atingido
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não possui contas bancárias, bens ou investimentos nos Estados Unidos e tem demonstrado tranquilidade diante das sanções aplicadas pelo governo americano com base na Lei Magnitsky. Segundo interlocutores próximos, Moraes não pretende reagir judicialmente e não se sente pessoalmente afetado.
O visto de entrada nos EUA do ministro está vencido há dois anos, e ele nunca demonstrou interesse em renová-lo. Para aliados, essa postura reforça que a medida anunciada pelo governo do ex-presidente Donald Trump não passa de um gesto político, sem efeitos práticos imediatos.
A sanção, que inclui congelamento de ativos e proibição de transações financeiras em dólar com bancos americanos, foi celebrada por políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente por Eduardo Bolsonaro, que articulou a medida com parlamentares republicanos nos EUA. O deputado afirmou em rede social que a decisão representa um “marco histórico” contra abusos de autoridade no Brasil.
Filhos de Bolsonaro divergem sobre sanção
Enquanto Eduardo e Carlos Bolsonaro defenderam publicamente a punição a Moraes, o senador Flávio Bolsonaro optou por não se manifestar inicialmente, buscando preservar seu alinhamento com lideranças do Centrão e setores que pregam moderação no embate com o STF. No entanto, após críticas nas redes sociais, Flávio voltou ao Brasil e protocolou um pedido de impeachment contra Moraes, demonstrando uma mudança de tom.
STF quer reação da AGU
Nos bastidores do STF, ministros defendem que a Advocacia-Geral da União (AGU) conteste a decisão americana nos tribunais dos EUA ou em instâncias internacionais, argumentando que a Lei Magnitsky foi mal aplicada, pois não houve processo judicial nem condenação formal. A Corte pode se manifestar oficialmente sobre o caso na reabertura dos trabalhos, nesta sexta-feira.
A AGU já acompanha outra ação envolvendo Moraes em solo americano: a processo movido pelas plataformas Rumble e Trump Media & Technology Group, que acusam o ministro de violar a Primeira Emenda da Constituição dos EUA por decisões de censura a conteúdos de direita.
Tensão comercial cresce entre Brasil e EUA
Em paralelo, o clima entre os dois países esquentou ainda mais com o anúncio da tarifa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros. Representantes do agronegócio temem que uma eventual retaliação do governo Lula, como sobretaxar insumos agrícolas ou quebrar patentes, possa encarecer a produção rural e impactar diretamente os preços dos alimentos no país.
A indústria e entidades do setor agrícola alertam para os riscos de instabilidade jurídica, redução de investimentos em inovação e perda de competitividade do Brasil em mercados internacionais
