Política
Moraes antecipa dureza em julgamento que pode condenar Bolsonaro
Relator do processo sobre tentativa de golpe afirma que STF não se curvará a pressões internas ou externas
No primeiro dia do julgamento da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes deixou claro, antes mesmo da leitura do relatório, que o Supremo Tribunal Federal (STF) não se deixará intimidar.
Em um manifesto contundente, Moraes afirmou que a Corte deve julgar “independente de ameaças ou coações, ignorando pressões internas ou externas”. O relator ressaltou ainda que “o caminho aparentemente mais fácil, que é da impunidade e da omissão, corrói a democracia”, numa referência direta ao peso histórico da decisão.
O recado foi interpretado como um aviso a Jair Bolsonaro, cujo filho, deputado Eduardo Bolsonaro, atua nos Estados Unidos em busca de apoio político junto ao ex-presidente Donald Trump para tentar evitar a condenação do pai. Apesar das movimentações, as sanções comerciais contra o Brasil e a revogação de vistos de ministros do STF não alteraram o curso do processo, que deve avançar para a responsabilização do ex-chefe do Executivo.
O discurso de Moraes foi lido por analistas como uma antecipação de que seu voto será duro contra Bolsonaro, abrindo caminho para uma provável condenação. O episódio ocorre exatamente 48 meses após o 7 de Setembro de 2021, quando Bolsonaro, em um palanque em São Paulo, atacou o ministro afirmando que “qualquer decisão de Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá”.
Passados quase quatro anos, o cenário se inverteu: Moraes é hoje relator da ação que pode levar Bolsonaro à prisão. A expectativa é que a decisão da Corte seja histórica, marcando um divisor de águas no enfrentamento a ameaças golpistas e no fortalecimento da democracia.
