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Brasil

Facções e milícias já dominam bairros de 28,5 milhões de brasileiros, revela Datafolha

Pesquisa mostra avanço do crime organizado em todo o país e alerta para o aumento da influência de facções e milícias sobre comunidades urbanas e mercados ilegais.

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Barricada com a inscrição do Comando Vermelho (CV) é retirada durante operação policial no complexo de favelas da Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio - Eduardo Anizelli

Uma pesquisa recente do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revelou um dado alarmante: facções criminosas e milícias já alcançam a vizinhança de cerca de 28,5 milhões de brasileiros, o equivalente a 19% da população nacional.

Os números mostram um avanço expressivo do crime organizado em apenas um ano. Em 2024, 14% dos entrevistados relatavam a presença dessas organizações em seus bairros — hoje, o percentual saltou para 19%, indicando uma expansão de cinco pontos percentuais em 12 meses.

O levantamento ouviu 2.007 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios brasileiros, entre os dias 2 e 6 de junho. A pesquisa buscou compreender a percepção da população sobre violência, insegurança e o poder das facções e milícias no cotidiano.

Os resultados são claros: a presença dessas organizações é mais sentida nas grandes cidades, nas capitais e na região Nordeste. A diferença entre classes sociais é mínima — 19% entre os que ganham até dois salários mínimos e 18% entre os que ganham até dez salários mínimos afirmam conviver com o crime organizado em seus bairros.

Outro dado preocupante é que 23% dos entrevistados que se autodeclaram pretos relataram a presença de facções e milícias na vizinhança, contra 13% entre os brancos, evidenciando um impacto desproporcional sobre as populações mais vulneráveis.

Entre aqueles que vivem em áreas dominadas pelo crime, 27% afirmam conhecer cemitérios clandestinos, enquanto 4 em cada 10 relatam a existência de cracolândias em seus trajetos diários. Ambos os índices cresceram em relação a 2024.

Segundo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP, os dados revelam “um fenômeno de ampliação do poder de captura das facções sobre territórios e mercados ilegais”. Ele ressalta que o levantamento foi realizado antes das operações Carbono Oculto, Quasar e Tank, que expuseram a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) em setores como combustíveis e finanças, mostrando que o problema é ainda mais profundo.

A pesquisa também aponta para o avanço de serviços ilegais de segurança privada prestados por policiais de folga, uma prática proibida em quase todo o país. Um em cada cinco entrevistados (21%) disse que esse tipo de serviço ocorre em seu bairro — um aumento em relação aos 18% registrados em 2024.

Além disso, 16% dos brasileiros afirmaram já ter presenciado abordagens violentas da Polícia Militar, com maior incidência entre jovens de 16 a 24 anos e moradores de grandes centros urbanos.

O levantamento ainda mostra que 8% dos entrevistados têm familiares ou conhecidos desaparecidos, o que representa 13,4 milhões de pessoas — concentradas, em sua maioria, nas classes D e E.

Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os resultados reforçam a urgência de políticas públicas integradas e duradouras de combate ao crime. “Quando há coordenação entre as forças e instituições, os resultados aparecem. O problema é que isso ainda ocorre em escala muito pequena diante da dimensão do desafio”, conclui Lima.

Redação Saiba+

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Chefe da Receita Federal acusa devedores contumazes de lavar dinheiro e chama-os de “bandidos”

Robinson Barreirinhas defende projeto para penalizar empresas que usam inadimplência fiscal como mecanismo de crime organizado

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Secretário Especial da Receita Federal - Secretaria Especial da Receita Federal, Robinson Sakiyama Barreirinhas Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O secretário-executivo da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez declarações contundentes ao afirmar que os chamados devedores contumazes, que evitam o pagamento de tributos de forma deliberada, atuam como “bandidos” e facilitam a lavagem de dinheiro vinculada ao crime organizado. Afirmou ainda que “não estamos falando de simples contribuintes, mas de estruturas que abrem empresas somente para não pagar impostos e, ainda por cima, ocultar recursos ilícitos”.

Em evento com participação de parlamentares e empresários, Barreirinhas ressaltou que o governo busca acelerar a tramitação de um projeto de lei que define nova tipificação para devedores contumazes, com alvo especial para aqueles que utilizam empresas como fachada para movimentações ilegais. Ele destacou que empresas envolvidas em esquemas com organizações criminosas — como redes de distribuição de combustíveis usadas para lavagem de dinheiro — já são monitoradas e que “a evasão fiscal incessante se conecta diretamente à criminalidade financeira organizada”.

Para reforçar o argumento, ele citou que a recente aprovação no Senado de regras mais rigorosas para devedores contumazes cria instrumentos para impedir a participação dessas empresas em licitações públicas, aplicar restrições operacionais e recuperar valores tributários que hoje se perdem. O secretário afirmou que “o combate à sonegação fiscal, à lavagem de dinheiro e à distorção concorrencial caminharem juntos é indispensável para resguardar a economia legal”.

Com o discurso, a pasta reforça a estratégia de endurecimento da fiscalização, aprimoramento da legislação e cooperação entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público no enfrentamento de fraudes estruturadas. Para empresas que exercem negócios de fato, o secretário insistiu que haverá distinção clara entre inadimplência legítima e inadimplência estratégica com fins criminosos.

Redação Saiba+

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Absolvição dos réus da tragédia no Ninho do Urubu choca o país

Justiça do Rio absolve acusados de incêndio que matou 10 jovens e reacende debates sobre impunidade e segurança nos clubes

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Ninho do Urubu, CT do Flamengo, após o incêndio que causou a morte de 10 pessoas. Foto: Fabio Motta

A decisão da Justiça do Rio de Janeiro de absolver todos os réus acusados pelo incêndio no centro de treinamento do Flamengo, que causou a morte de dez jovens atletas em 2019, provocou indignação social e levantou graves questionamentos sobre a responsabilização em acidentes envolvendo menores e instituições esportivas.

O incêndio, que ocorreu em uma instalação improvisada de contêineres destinada à base do clube, revelou falhas chocantes: alvará irregular, estrutura precária e reação tardia dos responsáveis. O juiz responsável pela sentença apontou que não foram identificadas provas suficientes para imputar responsabilidade penal individual, resultando na tragédia sem culpados.

A repercussão da absolvição ultrapassa o campo jurídico: familiares das vítimas, torcedores e especialistas em administração esportiva consideram a decisão um sinal de fragilidade institucional na apuração de crimes com resultado fatal. A ausência de punição acende alertas sobre segurança em alojamentos de formação, padrões de fiscalização e omissões de entidades públicas ou privadas.

Mesmo após acordo extrajudicial com o Flamengo e famílias, a dura realidade das jovens vítimas permanece viva no imaginário coletivo. A decisão volta a intensificar críticas à cultura de negligência no futebol de base, à responsabilidade de clubes e à ausência de modelos eficazes de prevenção de tragédias.

O episódio coloca o país diante de um debate urgente sobre transparência, responsabilidade civil e criminal em espaços esportivos, especialmente quando envolvem menores. O que se vê é uma lacuna entre a comoção pública suscita reformas e o alcance real do sistema penal em garantir justiça às vítimas.

Redação Saiba+

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Brasil

Instituto de Mendonça fatura R$ 4,8 milhões em contratos públicos em pouco mais de um ano

Criado pelo ministro do STF André Mendonça, o Instituto Iter oferece cursos e palestras para governos e órgãos públicos, enquanto especialistas questionam possíveis conflitos de interesse

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Em pouco mais de um ano de funcionamento, o Instituto Iter, fundado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, movimentou R$ 4,8 milhões em contratos públicos firmados com governos estaduais, prefeituras, tribunais de contas e outros órgãos. Criado em novembro de 2023, o instituto rapidamente se consolidou como referência em cursos e palestras voltados à gestão pública — mas também levantou questionamentos sobre conflito de interesses e limites éticos da magistratura.

O Iter, que começou como uma empresa limitada e depois se tornou sociedade anônima de capital fechado, tem entre seus sócios nomes ligados ao governo Bolsonaro, como Victor Godoy, ex-ministro da Educação e atual CEO, e Danilo Dupas, ex-presidente do Inep. A empresa Integre, de propriedade do casal Mendonça, é a acionista majoritária do instituto.

Entre os contratos mais vultosos está o firmado com o Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo, no valor de R$ 1,2 milhão, para oferta de cursos e palestras a servidores. Governos de São Paulo, Bahia e Piauí, além de tribunais de contas e câmaras municipais, também constam na lista de clientes públicos.

O ministro nega qualquer irregularidade e afirma que sua atuação no Iter é “exclusivamente educacional”, amparada pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), que permite o exercício do magistério. “O instituto é voltado à disseminação do conhecimento e à formação técnica e ética de gestores”, declarou Mendonça em nota.

No entanto, juristas como Conrado Hübner, professor da USP, e Fernando Fontainha, da UERJ, apontam que a atuação do ministro pode configurar violação do dever de reserva e conflito de interesses, já que o instituto mantém vínculos diretos com agentes e instituições que podem ser alvo de decisões do STF.

Além de atuar como palestrante e moderador, Mendonça também intermediou encontros entre parlamentares e profissionais dentro do Iter, apresentando o local como um “espaço neutro, sem as influências de Brasília”. Para críticos, essa aproximação reforça a zona cinzenta entre a função pública e a atividade privada do ministro.

Mesmo com a polêmica, o Iter segue expandindo suas atividades e oferecendo cursos com valores que chegam a R$ 16 mil por aluno, além de eventos presenciais com a participação de autoridades e especialistas do setor público.

Redação Saiba+

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