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Consignado privado será inédito e com juros menores, diz Haddad

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A taxa de juros do consignado privado será em torno de 2,5% ao mês, informou nesta sexta-feira (21), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista ao ICL Notícias esta manhã, em São Paulo. O programa que o ministro qualificou como “estrutural” é uma proposta do governo para ampliar o crédito consignado para trabalhadores da área privada, a exemplo do que já ocorre no setor público e para os aposentados.

“Nós podemos ter nos próximos dias uma coisa inédita no Brasil que é o consignado privado. Um trabalhador que trabalha numa grande empresa que tem convênio com o banco, ele consegue fazer o consignado da folha de pagamento”, disse o ministro.

Atualmente, afirmou Haddad, a taxa de juros média de empréstimo concedida para trabalhadores do setor privado é em torno de 5,5% ao mês. Com o consignado privado, segundo o ministro, essa taxa será bem menor.

“O consignado vai no E-social. Quer dizer, não importa onde a pessoa esteja empregada, você vai fazer o desconto do empréstimo dela a um juro muito menor, a menos da metade do que se paga hoje. Quando você olha para a Selic [taxa básica de juros], ela está em 13,25% ao ano, então esse trabalhador hoje está pagando 5,5% ao mês”, explicou o ministro.

“Quando você faz uma garantia que é o consignado privado e dá ao trabalhador celetista o mesmo direito que um aposentado ou que um servidor público tem, esse juro cai à metade”, acrescentou.

Prazo de 90 dias

De acordo com Haddad, o trabalhador do setor privado terá o prazo de 90 dias para trocar o empréstimo de 5,5% por mês para o de 2,5%.

“Nós vamos dar 90 dias para migrar essa população, que agora tem uma garantia para não pagar os juros que ela está pagando hoje”, disse.

“Independentemente da Selic, você vai está fazendo uma coisa para o bem da família brasileira. Às vezes, o trabalhador nem sabe quanto está pagando de juro. Ele toma um empréstimo que ele precisa, verifica se a parcela do empréstimo cabe no bolso dele e ele não faz a conta do juro que ele está pagando. Mas nós vamos oferecer para os trabalhadores brasileiros uma coisa inédita que pode alavancar o PIB [Produto Interno Bruto]”, completou..

Plano Safra

Na mesma entrevista, Haddad também comentou sobre a inflação dos alimentos. Segundo ele, a primeira providência que o governo federal está tomando para conter o preço dos alimentos é a expansão do Plano Safra, que apoia o setor agropecuário e oferece linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas aos produtores rurais.

“Vamos fazer planos safras cada vez mais robustos, maiores e melhores. E o governo [do presidente] Lula vai para o seu terceiro ano preparando um terceiro grande plano. Nós batemos dois recordes em 2023 e 2024 e queremos fazer o mesmo em 2025″, afirmou.

“Assim que o orçamento for aprovado, vamos lançar o Plano Safra para a próxima colheita e quero crer que o Brasil tem todas as condições de continuar ampliando a produção de forma adequada, sem desmatamento, que caiu vertiginosamente no país”, completou.

Reforma tributária

O ministro da Fazenda também comentou que a grande marca desse terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a reforma tributária. 

“Nós estamos fazendo uma reforma tributária absolutamente digital e transparente. Todo mundo paga, mas paga menos. Ou seja, você mantém a arrecadação, mas distribuindo o ônus por mais pessoas de maneira que os privilegiados hoje que não pagam impostos vão pagar para que quem paga, que é o trabalhador, pague menos”, acrescentou.

Segundo Haddad, a maior dificuldade deste governo em relação à proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil será fazer a compensação.

“O desafio não vai ser isentar. O desafio vai ser compensar com quem não paga. E aí você vai para o andar de cima. Nós vamos ter que chegar no andar de cima e aí a artilharia vem pesada contra o governo”, previu.

“Atualmente, quem está pagando [o imposto de renda] é a população trabalhadora, o celetista, o funcionário público como professores e enfermeiros e que tem desconto na folha. Não há como fugir, não tem como sonegar. Por que buscar justiça virou um pecado no país que é um dos mais injustos do mundo em termos de distribuição de renda?”, questionou.

“Queremos buscar justiça com equilíbrio fiscal. Eu fico um pouco perplexo de ver que, às vezes, quem grita mais no Brasil é quem tem mais e quem menos contribui”, concluiu.

Redação Saiba+

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Escândalo no INSS: fraude bilionária e o silêncio do governo

Ex-diretores do INSS teriam recebido R$ 17 milhões em vantagens ilegais de entidades que aplicaram descontos fraudulentos em benefícios de aposentados.

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Lula / (Victor Moriyama / Stringer,/Getty Images)

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está no centro de um dos maiores escândalos recentes envolvendo o setor público. A Polícia Federal investiga uma rede de corrupção que teria desviado quase R$ 8 bilhões por meio de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. O esquema envolveria entidades associativas e ex-servidores do alto escalão do INSS, beneficiados com dinheiro, bens de luxo e contratos suspeitos.

Segundo a PF, R$ 17 milhões foram repassados diretamente ou via empresas ligadas a ex-diretores do INSS. Um dos casos mais graves envolve o procurador Virgílio Oliveira Filho, afastado por decisão judicial, cuja esposa teria recebido um carro de luxo avaliado em mais de R$ 500 mil como benefício de uma das entidades investigadas.

Outro nome citado é o de André Paulo Félix Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS. Pessoas e empresas ligadas a ele teriam recebido R$ 5,1 milhões das chamadas “empresas intermediárias”. Já Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança e Planejamento, aparece com um repasse de R$ 313 mil. Ambos alegam inocência. Guimarães afirma que o valor recebido é fruto de consultoria formal, com emissão de notas fiscais.

A peça-chave da operação, apelidado de “Careca do INSS”, é Antônio Carlos Camilo Antunes. Ele seria o operador financeiro entre as entidades sindicais e os servidores. A PF aponta que ele movimentou R$ 53,5 milhões, sendo R$ 48,1 milhões diretamente de associações e R$ 5,4 milhões de empresas ligadas a elas. Antunes, que se declara “gerente” com renda mensal de R$ 24 mil, apresentava movimentações bancárias bem superiores à sua renda declarada.

Entenda a origem do escândalo

O golpe só foi possível após uma mudança legal estratégica. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro sancionou a MP 871/2019, exigindo que entidades sindicais revalidassem periodicamente a autorização dos filiados para realizar descontos em folha. Essa medida buscava justamente evitar fraudes e proteger aposentados.

Mas, em agosto de 2022, às vésperas da eleição, o Congresso — sob pressão de sindicatos e com apoio de parlamentares da esquerda — derrubou esse dispositivo, retirando a exigência de comprovação das autorizações. Com isso, milhões em descontos indevidos voltaram a acontecer sem qualquer controle efetivo.

A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025, revelou que 64% de toda a fraude ocorreu já nos dois primeiros anos do governo Lula. De R$ 6,5 bilhões desviados entre 2019 e 2024, R$ 4,1 bilhões teriam sido desviados entre 2023 e 2024.

Além disso, entidades investigadas foram recebidas 15 vezes em audiências com o governo desde 2023, incluindo reuniões com o Ministério da Previdência Social e o próprio INSS.

O impacto sobre os aposentados

A maioria das vítimas são aposentados e pensionistas que, sem saber, tiveram valores descontados de seus benefícios para pagar contribuições a entidades que sequer autorizaram. Há relatos de idosos prejudicados sem sequer entender como ou por que os descontos foram aplicados.

O caso expõe um descaso institucional com a população mais vulnerável, além de demonstrar a influência política de entidades sindicais em decisões legislativas que resultaram em prejuízo direto à sociedade.

Redação Saiba+

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Escolas públicas seguem desconectadas da realidade digital

Apesar das promessas do governo federal, dados inflados escondem a dura realidade de milhares de escolas sem acesso adequado à internet, impactando diretamente o futuro da educação brasileira.

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Foto: freepik.com

Em um país onde a educação de qualidade é constantemente apontada como a chave para o desenvolvimento, a realidade das escolas públicas brasileiras revela um cenário alarmante: falta o básico para garantir o ensino pleno. Entre as carências, a ausência de internet de qualidade nas instituições de ensino é uma das mais graves — e compromete seriamente o futuro de milhões de estudantes.

Quando o governo lançou, em setembro de 2023, a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu revolucionar o acesso à internet nas escolas públicas. O plano, de fato, é ambicioso: conectar todas as unidades até o fim de seu mandato, em 2026. No entanto, a execução prática da proposta está longe de alcançar os resultados divulgados oficialmente.

Recentemente, veio à tona que o Ministério da Educação (MEC) utiliza dados inflados para medir a qualidade da conexão escolar. Em vez de se basear no medidor oficial — como determina uma resolução do Comitê Executivo da Estratégia Nacional — o governo opta, em muitos casos, por confiar em informações repassadas por secretarias estaduais e municipais. Esse método mascarou uma dura realidade: 15.404 escolas consideradas conectadas, na verdade, operam abaixo dos níveis aceitáveis de velocidade de internet.

A discrepância nos números é gritante:

  • Segundo a medição oficial, apenas 49,2% das 137,9 mil escolas públicas do país possuem internet com velocidade adequada.
  • 36,1% das instituições apresentam conexão ruim ou insuficiente.
  • No levantamento do MEC, no entanto, os números são diferentes: 60% teriam internet adequada e apenas 25% estariam em condição ruim.

Improvisos e dificuldades no cotidiano escolar

O impacto da falta de conectividade nas escolas é profundo e imediato. Professores relatam dificuldades para utilizar recursos pedagógicos digitais, e estudantes precisam improvisar para realizar tarefas escolares. Em alguns casos, os jovens captam sinais de internet de estabelecimentos vizinhos — como lanchonetes — ou até mesmo sobem em cadeiras para tentar melhorar o sinal.

Situações como essas consomem a energia dos alunos, esgotam a paciência dos professores e aprofundam ainda mais a desigualdade educacional no Brasil. Estudantes que deveriam estar focados em aprender precisam, antes, resolver o problema mais básico: conseguir se conectar.

Pé-de-Meia: uma solução emergencial?

Outra face desse problema é a utilização dos recursos do programa Pé-de-Meia, que oferece bolsas para evitar a evasão escolar no ensino médio. Em vez de suprir necessidades educacionais diretas, parte do dinheiro recebido por estudantes é usada para contratar pacotes de dados móveis, visando garantir o acesso às atividades escolares básicas. Embora extrema, essa prática revela a gravidade do cenário.

Compromissos e realidade: o desafio do governo Lula

No discurso oficial, o governo afirma estar comprometido em transformar a infraestrutura das escolas e preparar o país para o futuro digital. No entanto, os dados reais indicam que a transformação será muito mais complexa do que prometido. A promessa de “escolas conectadas” precisa ser compreendida não apenas como presença física de equipamentos, mas também como acesso real, contínuo e de qualidade.

Sem conexão adequada, o uso de tecnologia em sala de aula se torna inviável. Recursos como plataformas educacionais, vídeos interativos e jogos pedagógicos ficam restritos, e o Brasil corre o risco de aumentar ainda mais a distância em relação a países que já investiram fortemente em educação digital, como as nações asiáticas.

Lições internacionais e o caminho para o futuro

A experiência de países que superaram desafios semelhantes mostra que é possível mudar essa realidade. Reformas educacionais de longo prazo, como adoção de currículos modernos, formação sólida de professores, escolas de tempo integral e avaliações constantes são parte da receita do sucesso. Além disso, a continuidade dos investimentos — sem interrupções políticas — é essencial.

Para o Brasil, não basta anunciar novos programas: é preciso medir resultados de forma transparente, enfrentar problemas estruturais e garantir que todas as escolas tenham, de fato, internet de qualidade.

Sem isso, o discurso da transformação educacional corre o risco de permanecer apenas no campo das promessas, enquanto a realidade nas salas de aula continua a depender de “puxadinhos” improvisados de sinal de wi-fi.

Redação Saiba+

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Marinha é condenada por obrigar homem trans usar uniforme feminino

TRF-2 confirma indenização de R$ 20 mil a militar que sofreu discriminação de gênero; decisão ainda pode ser contestada no STJ.

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Bandeiras trans e marca da Marinha do Brasil — Foto: Reprodução

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que abrange os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, rejeitou na última semana o recurso da Marinha contra a condenação que a obriga a indenizar o terceiro-sargento Lucas Cruz, um homem trans, em R$ 20 mil por danos morais. A decisão reforça o entendimento de que a instituição violou direitos fundamentais ao obrigá-lo a usar uniformes femininos durante o serviço.

Desde 2022, Lucas Cruz trava uma batalha judicial para garantir seu direito de utilizar uniformes masculinos, adotar seu nome social e manter um corte de cabelo compatível com sua identidade de gênero. A Justiça já havia concedido autorização para essas adaptações no ambiente militar. A indenização por danos morais foi fixada em março de 2023, mas a Marinha, representada pela Advocacia-Geral da União (AGU), recorreu tentando reverter o pagamento — sem sucesso até agora.

Durante o processo, Cruz também relatou ter sofrido assédio moral, sendo pressionado a usar máscara para ocultar o bigode, numa tentativa de disfarçar suas características masculinas. Em sua defesa, a AGU fez uma comparação controversa, equiparando a mudança de gênero de Cruz a um craque de futebol que muda de gênero e questionando sua permanência no time masculino, argumento que não foi aceito pela Justiça.

Apesar da nova derrota no TRF-2, a AGU ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar reverter a decisão.

Redação Saiba+

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