Brasil
Repasses ao sindicato de irmão de Lula cresceram 564%
Pagamentos em função de descontos de aposentadorias e pensões somaram R$ 456,9 milhões entre 2020 e 2024; Sindinapi diz que valores têm relação direta com aumento de sócios;

Os repasses do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cresceram 564% entre 2020 e 2024. No período, os valores pagos a partir de descontos em aposentadorias e pensões saltaram de R$ 23,3 milhões para R$ 154,7 milhões anuais, totalizando R$ 456,9 milhões.

O crescimento exponencial nos valores coincide com o período em que o Sindnapi passou a ser investigado por fraudes em mensalidades descontadas sem autorização dos beneficiários. A Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU), apura um esquema de cobrança indevida em sindicatos e associações conveniadas ao INSS.
A CGU identificou que, em uma amostragem de 26 mensalidades cobradas pelo Sindnapi, 76,9% não foram autorizadas pelos aposentados. Já dados do próprio INSS revelam um salto nos pedidos de exclusão das cobranças feitas pelo sindicato: de 3.866 em 2022 para 36.502 em 2023.
Apesar de ser comandado por um aliado próximo ao presidente da República, o Sindnapi alega que o aumento dos repasses está ligado ao crescimento no número de filiados, principalmente durante a pandemia. A entidade afirma que a maior expansão aconteceu durante o governo Jair Bolsonaro, entre 2020 e 2022, e nega qualquer relação entre Frei Chico e supostas irregularidades.
“O aumento das contribuições decorre do aumento do número de associados. Qualquer ilação política é absurda”, informou o sindicato.
Frei Chico, por sua vez, negou irregularidades e declarou esperar que a Polícia Federal investigue “toda a sacanagem que tem”.
A pressão política aumentou após a revelação dos dados. O Partido Novo acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) para suspender os repasses ao Sindnapi e exigir a devolução dos valores cobrados de forma indevida. Parlamentares da oposição também protocolaram um projeto para revogar uma norma assinada pelo então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que isentava o órgão de responsabilidade pelas cobranças. Stefanutto foi afastado e, posteriormente, exonerado após determinação direta de Lula.
No Congresso, deputados e senadores do Novo pressionam pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), mas ainda não conseguiram apoio suficiente no Senado. “Estamos lidando com fraudes bilionárias que afetam diretamente os mais vulneráveis. É inadmissível que esse tipo de esquema continue impune”, afirmou o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).
O Ministério da Previdência e o INSS reforçaram, em nota, que novas medidas de controle foram adotadas e que todos os descontos a entidades estão suspensos desde a última quinta-feira (25), enquanto as investigações prosseguem.
Brasil
Escândalo no INSS: fraude bilionária e o silêncio do governo
Ex-diretores do INSS teriam recebido R$ 17 milhões em vantagens ilegais de entidades que aplicaram descontos fraudulentos em benefícios de aposentados.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está no centro de um dos maiores escândalos recentes envolvendo o setor público. A Polícia Federal investiga uma rede de corrupção que teria desviado quase R$ 8 bilhões por meio de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. O esquema envolveria entidades associativas e ex-servidores do alto escalão do INSS, beneficiados com dinheiro, bens de luxo e contratos suspeitos.
Segundo a PF, R$ 17 milhões foram repassados diretamente ou via empresas ligadas a ex-diretores do INSS. Um dos casos mais graves envolve o procurador Virgílio Oliveira Filho, afastado por decisão judicial, cuja esposa teria recebido um carro de luxo avaliado em mais de R$ 500 mil como benefício de uma das entidades investigadas.
Outro nome citado é o de André Paulo Félix Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS. Pessoas e empresas ligadas a ele teriam recebido R$ 5,1 milhões das chamadas “empresas intermediárias”. Já Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança e Planejamento, aparece com um repasse de R$ 313 mil. Ambos alegam inocência. Guimarães afirma que o valor recebido é fruto de consultoria formal, com emissão de notas fiscais.
A peça-chave da operação, apelidado de “Careca do INSS”, é Antônio Carlos Camilo Antunes. Ele seria o operador financeiro entre as entidades sindicais e os servidores. A PF aponta que ele movimentou R$ 53,5 milhões, sendo R$ 48,1 milhões diretamente de associações e R$ 5,4 milhões de empresas ligadas a elas. Antunes, que se declara “gerente” com renda mensal de R$ 24 mil, apresentava movimentações bancárias bem superiores à sua renda declarada.
Entenda a origem do escândalo
O golpe só foi possível após uma mudança legal estratégica. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro sancionou a MP 871/2019, exigindo que entidades sindicais revalidassem periodicamente a autorização dos filiados para realizar descontos em folha. Essa medida buscava justamente evitar fraudes e proteger aposentados.
Mas, em agosto de 2022, às vésperas da eleição, o Congresso — sob pressão de sindicatos e com apoio de parlamentares da esquerda — derrubou esse dispositivo, retirando a exigência de comprovação das autorizações. Com isso, milhões em descontos indevidos voltaram a acontecer sem qualquer controle efetivo.
A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025, revelou que 64% de toda a fraude ocorreu já nos dois primeiros anos do governo Lula. De R$ 6,5 bilhões desviados entre 2019 e 2024, R$ 4,1 bilhões teriam sido desviados entre 2023 e 2024.
Além disso, entidades investigadas foram recebidas 15 vezes em audiências com o governo desde 2023, incluindo reuniões com o Ministério da Previdência Social e o próprio INSS.
O impacto sobre os aposentados
A maioria das vítimas são aposentados e pensionistas que, sem saber, tiveram valores descontados de seus benefícios para pagar contribuições a entidades que sequer autorizaram. Há relatos de idosos prejudicados sem sequer entender como ou por que os descontos foram aplicados.
O caso expõe um descaso institucional com a população mais vulnerável, além de demonstrar a influência política de entidades sindicais em decisões legislativas que resultaram em prejuízo direto à sociedade.
Brasil
Escolas públicas seguem desconectadas da realidade digital
Apesar das promessas do governo federal, dados inflados escondem a dura realidade de milhares de escolas sem acesso adequado à internet, impactando diretamente o futuro da educação brasileira.

Em um país onde a educação de qualidade é constantemente apontada como a chave para o desenvolvimento, a realidade das escolas públicas brasileiras revela um cenário alarmante: falta o básico para garantir o ensino pleno. Entre as carências, a ausência de internet de qualidade nas instituições de ensino é uma das mais graves — e compromete seriamente o futuro de milhões de estudantes.
Quando o governo lançou, em setembro de 2023, a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu revolucionar o acesso à internet nas escolas públicas. O plano, de fato, é ambicioso: conectar todas as unidades até o fim de seu mandato, em 2026. No entanto, a execução prática da proposta está longe de alcançar os resultados divulgados oficialmente.
Recentemente, veio à tona que o Ministério da Educação (MEC) utiliza dados inflados para medir a qualidade da conexão escolar. Em vez de se basear no medidor oficial — como determina uma resolução do Comitê Executivo da Estratégia Nacional — o governo opta, em muitos casos, por confiar em informações repassadas por secretarias estaduais e municipais. Esse método mascarou uma dura realidade: 15.404 escolas consideradas conectadas, na verdade, operam abaixo dos níveis aceitáveis de velocidade de internet.
A discrepância nos números é gritante:
- Segundo a medição oficial, apenas 49,2% das 137,9 mil escolas públicas do país possuem internet com velocidade adequada.
- Já 36,1% das instituições apresentam conexão ruim ou insuficiente.
- No levantamento do MEC, no entanto, os números são diferentes: 60% teriam internet adequada e apenas 25% estariam em condição ruim.
Improvisos e dificuldades no cotidiano escolar
O impacto da falta de conectividade nas escolas é profundo e imediato. Professores relatam dificuldades para utilizar recursos pedagógicos digitais, e estudantes precisam improvisar para realizar tarefas escolares. Em alguns casos, os jovens captam sinais de internet de estabelecimentos vizinhos — como lanchonetes — ou até mesmo sobem em cadeiras para tentar melhorar o sinal.
Situações como essas consomem a energia dos alunos, esgotam a paciência dos professores e aprofundam ainda mais a desigualdade educacional no Brasil. Estudantes que deveriam estar focados em aprender precisam, antes, resolver o problema mais básico: conseguir se conectar.
Pé-de-Meia: uma solução emergencial?
Outra face desse problema é a utilização dos recursos do programa Pé-de-Meia, que oferece bolsas para evitar a evasão escolar no ensino médio. Em vez de suprir necessidades educacionais diretas, parte do dinheiro recebido por estudantes é usada para contratar pacotes de dados móveis, visando garantir o acesso às atividades escolares básicas. Embora extrema, essa prática revela a gravidade do cenário.
Compromissos e realidade: o desafio do governo Lula
No discurso oficial, o governo afirma estar comprometido em transformar a infraestrutura das escolas e preparar o país para o futuro digital. No entanto, os dados reais indicam que a transformação será muito mais complexa do que prometido. A promessa de “escolas conectadas” precisa ser compreendida não apenas como presença física de equipamentos, mas também como acesso real, contínuo e de qualidade.
Sem conexão adequada, o uso de tecnologia em sala de aula se torna inviável. Recursos como plataformas educacionais, vídeos interativos e jogos pedagógicos ficam restritos, e o Brasil corre o risco de aumentar ainda mais a distância em relação a países que já investiram fortemente em educação digital, como as nações asiáticas.
Lições internacionais e o caminho para o futuro
A experiência de países que superaram desafios semelhantes mostra que é possível mudar essa realidade. Reformas educacionais de longo prazo, como adoção de currículos modernos, formação sólida de professores, escolas de tempo integral e avaliações constantes são parte da receita do sucesso. Além disso, a continuidade dos investimentos — sem interrupções políticas — é essencial.
Para o Brasil, não basta anunciar novos programas: é preciso medir resultados de forma transparente, enfrentar problemas estruturais e garantir que todas as escolas tenham, de fato, internet de qualidade.
Sem isso, o discurso da transformação educacional corre o risco de permanecer apenas no campo das promessas, enquanto a realidade nas salas de aula continua a depender de “puxadinhos” improvisados de sinal de wi-fi.
Brasil
Marinha é condenada por obrigar homem trans usar uniforme feminino
TRF-2 confirma indenização de R$ 20 mil a militar que sofreu discriminação de gênero; decisão ainda pode ser contestada no STJ.

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que abrange os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, rejeitou na última semana o recurso da Marinha contra a condenação que a obriga a indenizar o terceiro-sargento Lucas Cruz, um homem trans, em R$ 20 mil por danos morais. A decisão reforça o entendimento de que a instituição violou direitos fundamentais ao obrigá-lo a usar uniformes femininos durante o serviço.
Desde 2022, Lucas Cruz trava uma batalha judicial para garantir seu direito de utilizar uniformes masculinos, adotar seu nome social e manter um corte de cabelo compatível com sua identidade de gênero. A Justiça já havia concedido autorização para essas adaptações no ambiente militar. A indenização por danos morais foi fixada em março de 2023, mas a Marinha, representada pela Advocacia-Geral da União (AGU), recorreu tentando reverter o pagamento — sem sucesso até agora.
Durante o processo, Cruz também relatou ter sofrido assédio moral, sendo pressionado a usar máscara para ocultar o bigode, numa tentativa de disfarçar suas características masculinas. Em sua defesa, a AGU fez uma comparação controversa, equiparando a mudança de gênero de Cruz a um craque de futebol que muda de gênero e questionando sua permanência no time masculino, argumento que não foi aceito pela Justiça.
Apesar da nova derrota no TRF-2, a AGU ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar reverter a decisão.
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