Polícia
Polícia no Século XXI, regras do século passado
Regulamentos em descompasso: a urgência de humanizar a atividade policial.

Por Odemilson Matos
É fato irrefutável que a segurança pública é um dos pilares de qualquer sociedade livre e soberana. Para que haja ordem, estabilidade e respeito ao Estado de Direito, as forças policiais se notabilizam, impondo sua atuação com firmeza, autoridade e respaldo legal. Todavia, é exatamente nesse ponto que surge um impasse preocupante: muitos dos regulamentos que orientam a conduta policial no Brasil permanecem ancorados em normas ultrapassadas, criadas em contextos completamente distintos da realidade atual.
Ora, é importante realçar que não se trata de privilegiar ou enfraquecer a autoridade policial, muito menos relativizar sua função. Pelo contrário: trata-se de fortalecer a atuação das corporações, dotando-as de instrumentos normativos modernos, claros e eficazes, capazes de orientar a conduta dos agentes com segurança jurídica e operacional, sem olvidar a humanidade desses profissionais. A atualização dos regulamentos policiais, nesse sentido, é uma medida estratégica para garantir que a atuação da polícia seja ao mesmo tempo firme e justa.

Charge: Saiba Mais Bahia
A humanização da atividade policial, longe de ser sinônimo de leniência, é, na verdade, uma forma de aprimorar a missão policial: proteger o cidadão de bem, combater o crime com eficiência e garantir a ordem pública dentro dos marcos constitucionais. Atualizar os regulamentos é, portanto, um passo essencial para assegurar uma polícia forte, respeitada e legitimada.
Grande parte dos regulamentos que regem a atividade policial no Brasil foi elaborada em períodos históricos marcados por outras prioridades de segurança e outra estrutura institucional. Muitos desses dispositivos, ainda vigentes, deixam lacunas importantes e não abordam temas atuais, como novas formas de criminalidade, o uso de tecnologias no policiamento ou mesmo as exigências de uma atuação mais técnica e estratégica por parte das corporações.

Policiais Militares do antigo 1º BPM/BA de Feira de Santana, atual 1º Batalhão de Ensino, Instrução e Capacitação (BEIC). Fonte: https://feirenses.com/fotos-1-bpm-feira/
Esse descompasso normativo gera insegurança para os agentes. Assim, policiais se veem, em vários aspectos, sem respaldo jurídico claro diante de situações complexas, e a ausência de diretrizes atualizadas contribui para decisões operacionais descoordenadas, além de desgastar a imagem da instituição perante a sociedade.
Para que a autoridade policial seja efetiva, é preciso que haja clareza nas normas que regem o comportamento institucional. A disciplina e a hierarquia, princípios basilares das forças de segurança, só podem ser plenamente aplicadas quando sustentadas por regulamentos objetivos, coerentes e atualizados.
A atualização dos regulamentos não enfraquece o comando da tropa; ao contrário: oferece maior segurança jurídica ao policial, que passa a atuar com respaldo normativo mais sólido. Isso permite decisões mais assertivas no campo, coíbe desvios de conduta e reforça a confiança interna na cadeia de comando.

Inauguração das instalações do Batalhão de Polícia de Pronto Emprego Operacional – BPEO/PMBA – Passeio Público (26/02/2025) / flickr.com/jeronimorodrigues/
Muitos confundem o conceito de humanização da atividade policial com uma tentativa de “amolecimento” da força pública. Esse é um equívoco. Humanizar não é relativizar a autoridade, mas sim garantir que a força seja aplicada com inteligência, justiça e proporcionalidade. Um agente bem treinado, respaldado por normas modernas e alinhado a princípios constitucionais, impõe mais respeito e autoridade do que aquele que atua de forma arbitrária ou desinformada.
Além disso, a população tende a apoiar e colaborar mais com instituições que agem com transparência, preparo e respeito à legalidade. Esse apoio social fortalece o trabalho policial e amplia sua legitimidade — algo essencial no combate ao crime organizado, à violência e ao desrespeito às leis.

Flickr.com/jeronimorodrigues/
A atualização dos regulamentos que regem a atividade policial é uma responsabilidade institucional que exige articulação entre diferentes níveis de governo e órgãos competentes. Embora, em muitos casos, a competência normativa recaia sobre o Executivo — seja por meio dos comandos das corporações, das secretarias de Segurança Pública ou de decretos estaduais —, também há espaço para atuação legislativa, especialmente no que se refere à definição de diretrizes gerais, direitos, deveres e garantias dos agentes de segurança pública.
Assim, é fundamental que os responsáveis por essas normas — sejam legisladores, gestores ou autoridades administrativas — reconheçam a urgência dessa agenda. Permanecer inerte diante de regulamentos defasados é contribuir para a insegurança jurídica dos agentes e para a fragilidade institucional da própria atividade policial. Atualizar os marcos normativos é garantir que as corporações atuem com clareza, respaldo legal e alinhamento aos princípios constitucionais. É um dever de quem tem a caneta e a responsabilidade de regulamentar uma das funções mais sensíveis do Estado: o exercício da força legítima.
A atualização dos regulamentos policiais é uma necessidade estratégica, jurídica e humana. A atuação das forças de segurança não pode continuar subordinada a normativos que ignoram a complexidade da função policial e a dignidade do agente que a exerce. O policial militar — assim como todo profissional da segurança pública — não é apenas um executor de ordens, mas um ser humano investido de responsabilidade institucional, sujeito a pressões constantes e riscos diários.

Flickr.com/jeronimorodrigues/
Reconhecer essa condição humana não é um gesto de fragilidade, mas de fortalecimento institucional. Regulamentos atualizados devem refletir essa compreensão, assegurando condições justas de trabalho, respeito aos direitos fundamentais e diretrizes operacionais claras, proporcionais e eficazes. Isso contribui para uma atuação mais técnica, respeitosa e legitimada perante a sociedade.
Cabe, portanto, aos entes competentes — sejam os comandos das corporações, os gestores executivos ou o próprio Poder Legislativo, dentro de suas respectivas atribuições — promover uma revisão séria e responsável desses regulamentos. É hora de romper com modelos ultrapassados e alinhar a atividade policial com os princípios constitucionais, sem abrir mão da autoridade, da disciplina e da ordem.
Humanizar o exercício da função policial é, em última análise, garantir que quem protege também seja protegido — pelo Estado, pela lei e por regulamentos justos. Somente assim construiremos uma segurança pública verdadeiramente forte, eficiente e respeitada.

Odemilson Matos / Advogado e Consultor Jurídico
Especialista em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG e em Processo Civil pela Universidade Salvador – UNIFACS. Autor de diversas obras e artigos publicados na área jurídica.
Polícia
Advogado Daniel Keller é encontrado morto em hotel de Salvador
Criminalista de 40 anos foi localizado em apartamento no Caminho das Árvores; polícia investiga as circunstâncias da morte

O advogado criminalista e professor universitário Daniel Joau Perez Keller, de 40 anos, foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (13), em um hotel no bairro Caminho das Árvores, área nobre de Salvador. A informação foi confirmada pela Polícia Civil da Bahia, que trata o caso como de morte a esclarecer.
Daniel estava sozinho no quarto do 3º andar, que, segundo informações da polícia, estava em nome de sua mãe. Uma arma de fogo foi recolhida pela equipe do Serviço de Investigação de Local de Crime (SILC) e será encaminhada para perícia. A ocorrência está sob investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que também expediu as guias para o trabalho do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Os laudos periciais serão determinantes para esclarecer a causa da morte.
Equipes da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico) estiveram no local para coletar imagens de câmeras de segurança e ouvir testemunhas. Familiares do advogado também serão ouvidos nos próximos dias.
Trajetória e reconhecimento
Daniel Keller era um nome conhecido no meio jurídico baiano. Graduado em Direito pela Universidade Católica de Salvador (UCSal), com especialização em Ciências Criminais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e mestrado também pela UCSal, Keller atuou em casos de grande repercussão, como a defesa da médica Kátia Vargas, que foi absolvida no julgamento do acidente de trânsito que resultou na morte de dois irmãos, em 2013.
Além da advocacia, Daniel lecionou nas faculdades Ruy Barbosa, UniFTC e UCSal, sendo reconhecido como profissional sério, admirado por colegas e alunos.
“Era muito admirado pelos alunos, um advogado muito inteligente, capaz e que não tinha inimigos. Não advogava para o crime organizado. Realmente é um choque”, declarou o promotor Davi Gallo, amigo pessoal de Keller.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) aprovou uma moção de pesar em sessão do Conselho Pleno, realizada ainda na manhã desta sexta-feira. A entidade enviou ao local o presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas, Saulo Guimarães, e acompanha a apuração desde as primeiras horas do dia.
Em nota, a OAB-BA destacou:
“Para além da sua competência profissional e institucional, Keller era antes de tudo um amigo. Durante sua trajetória, ele honrou a todos os advogados e advogadas com sua atuação sempre firme. Pessoa querida por todos, deixará saudades não apenas nos fóruns, mas principalmente nas rodas de conversas.”
Até o momento, não há informações sobre velório e sepultamento.
Entenda: homicídio culposo x doloso
Enquanto a investigação segue em curso, é importante entender dois conceitos que norteiam casos de mortes suspeitas:
- Homicídio doloso: quando há intenção de matar, ou o agente assume o risco do resultado.
- Homicídio culposo: ocorre quando não há intenção, mas o ato resulta em morte por negligência, imprudência ou imperícia.
A apuração técnica e pericial será essencial para definir se a morte do advogado se trata de suicídio, homicídio culposo, doloso ou outro desfecho legal.
Polícia
Bolsonarista, Diego Castro tem residência invadida e suspeita de ‘motivação política’

O deputado estadual Diego Castro (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), registrou um boletim de ocorrência nesta quarta-feira (11) após ter sua residência invadida, em Salvador. O caso ocorreu no início da tarde, enquanto estava em atividade parlamentar. A suspeita de motivação política foi levantada por ele devido às circunstâncias do ocorrido.
Segundo o deputado, criminosos violaram e reviraram o imóvel localizado no bairro da Pituba, mas nenhum objeto foi levado, o que gerou estranhamento. A noiva de Diego teria chegado ao local por volta das 13h e encontrou o apartamento completamente desorganizado, com diversos objetos fora do lugar e um líquido derramado em uma das áreas do imóvel.
“Hoje, dia 11 de junho, acabo de sair da 16ª Delegacia Territorial, aqui no bairro da Pituba, porque vim registrar um boletim de ocorrência. Infelizmente, hoje à tarde, criminosos — aproveitando a minha ausência, já que eu estava no meu trabalho, na Assembleia Legislativa — invadiram a minha residência. Reviraram tudo, mas não levaram nada, o que é muito estranho. Graças a Deus, não houve nenhum dano físico a mim nem aos meus familiares”, afirmou o parlamentar em vídeo divulgado nas redes sociais.
Diego também relatou que sua noiva passou mal ao se deparar com a cena. “Encontrou tudo revirado, teve a pressão alterada, sangramento no nariz… Nos assustou bastante. Foi para a minha emergência, mas, graças a Deus, agora está bem. Mas olha aí as consequências disso: chegaram nos meus”, acrescentou.
Conhecido pela sua atuação crítica à gestão do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e ao Partido dos Trabalhadores, Diego Castro não descartou a possibilidade de o episódio estar relacionado à sua atuação política.
“Quero deixar um recado bem claro e direto: se isso aqui teve motivação política, se o objetivo foi me amedrontar, me ameaçar ou me intimidar, vocês despertaram agora um dragão pior do que aquele que já estavam vendo. E se vier de lá, vai ter que ficar, porque aqui tem homem. Homem com coragem, com firmeza. Eu sei que o nosso trabalho está incomodando muita gente — mas muita gente mesmo”, completou.
A Polícia Civil deve investigar o caso. Até o momento, não há informações sobre suspeitos ou imagens de câmeras de segurança
Polícia
Casal é encontrado morto a tiros na BR-116 em Serrinha

Filha de uma das vítimas foi resgatada com vida e entregue ao Conselho Tutelar; caso está sendo investigado pela Polícia Civil
Um casal foi encontrado morto a tiros dentro de um carro na noite da última terça-feira (10), na BR-116, em um trecho localizado no município de Serrinha, a cerca de 70 km de Feira de Santana, na Bahia. As vítimas foram identificadas como Grace Kelly de Oliveira Santos, de 36 anos, e Danilo Pereira Sousa dos Santos, de 33.
Segundo informações da Polícia Civil, os dois corpos estavam dentro do veículo e apresentavam marcas de disparos de arma de fogo, indicando uma execução. A autoria e a motivação do crime ainda são desconhecidas.
Durante a ocorrência, os policiais também encontraram a filha de Grace Kelly, uma criança cuja idade não foi divulgada, nas proximidades do automóvel. A menor foi resgatada com vida e levada imediatamente ao Conselho Tutelar, onde está recebendo acompanhamento adequado.
Os corpos foram removidos por equipes do Departamento de Polícia Técnica (DPT) e encaminhados para necropsia. A Delegacia Territorial de Serrinha está conduzindo a investigação e busca por pistas que possam esclarecer o duplo homicídio.
O caso gerou comoção na comunidade local e reforça o alerta sobre a crescente violência nas rodovias que cortam o interior do estado. A presença da criança no local reacendeu o debate sobre a proteção à infância em contextos de violência urbana.
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