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Política

Carla Zambelli deixa o Brasil após condenação e planeja articulação política na Europa

Deputada bolsonarista diz que vai morar no exterior para fortalecer a direita e denuncia perseguição política; PGR avalia possível fuga da execução da pena

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Deputada Carla Zambelli Foto: Felipe Raul

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil dias após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo a parlamentar, o motivo oficial da viagem foi buscar tratamento médico, mas ela também revelou a intenção de residir na Europa e atuar politicamente no continente.

Em entrevista ao canal AuriVerde Brasil no YouTube, Zambelli afirmou que vai pedir licença não remunerada da Câmara dos Deputados e que sua nova missão será fortalecer o conservadorismo na Europa, à semelhança do que vem sendo feito pelo também deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.
“Quero estar nos principais lugares, falar com o povo francês, ajudar o Chega em Portugal. O conservadorismo precisa avançar e o globalismo recuar”, declarou.

Ela destacou ainda que irá criar conexões com lideranças estrangeiras para denunciar o que chama de “perseguição política” no Brasil e mencionou Georgia Meloni, primeira-ministra da Itália, e os governos da Espanha e França como alvos de seu ativismo.

A fala ocorre em meio à repercussão de sua condenação por participação no ataque hacker ao CNJ, no qual foi inserido um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. A Polícia Federal (PF) apontou que documentos encontrados com Zambelli coincidiam com os arquivos manipulados no ataque, indicando sua participação direta no crime. A pena inclui, além da prisão, perda do mandato, que depende de confirmação da Câmara.

A deputada também é ré em outro processo no STF por porte ilegal de arma e constrangimento com uso de arma de fogo, após perseguição armada a um cidadão na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Há maioria formada para condená-la nesse caso, mas o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.

Deputada Carla Zambelli Foto: Felipe Raul

PGR avalia medidas diante da saída do Brasil

Diante do anúncio de Zambelli, a Procuradoria-Geral da República (PGR) iniciou a análise de possíveis medidas legais. O órgão avalia se a viagem ao exterior configura tentativa de fuga da execução da pena. Caso se confirme essa hipótese, a prisão preventiva da parlamentar poderá ser solicitada ao STF.

Não há prazo definido para o fim da análise, mas a situação aumenta a pressão sobre o Legislativo e o Judiciário, que precisam decidir os próximos passos sobre o cumprimento da pena e a cassação do mandato.

Eduardo Bolsonaro e o “caminho asfaltado” nos EUA

Zambelli disse que escolheu a Europa porque “o caminho nos Estados Unidos já está asfaltado”, em referência ao trabalho de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, que vivem nos EUA e atuam contra autoridades brasileiras. Eduardo está sendo investigado pela PGR por possíveis crimes como coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, após pedir sanções contra autoridades brasileiras.

A deputada concluiu a entrevista dizendo que quer “voltar a ser a Carla de antes”, e que foi transformada em bode expiatório pela derrota de Bolsonaro em 2022. Em preparação para seu afastamento, Zambelli emancipou o filho de 17 anos para que ele possa disputar uma vaga nas eleições de 2026, segundo afirmou, com o objetivo de preservar seu capital eleitoral.

Redação Saiba+

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Política

Lula afirma que ainda não há exigências de Trump sobre o “tarifaço”

Em encontro diplomático marcado na Malásia, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se preparam para negociar futura redução de tarifas, sem pé na mesa por enquanto

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante declaração conjunta à imprensa, na Residência do Primeiro-Ministro da Malásia. Putrajaya (Malásia) Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, ainda não apresentou exigências formais em relação à redução do chamado “tarifaço” aplicado sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o momento é de diálogo e construção de consensos, e não de imposições.

Durante agenda internacional, o presidente ressaltou que as negociações entre os dois países devem ocorrer com respeito mútuo e equilíbrio econômico, destacando que “não há exigências dele, e não há exigências nossas ainda”. A fala evidencia a estratégia de manter abertas as portas para o entendimento, sem assumir compromissos unilaterais que possam prejudicar a indústria nacional.

A medida de Trump, que elevou tarifas sobre exportações brasileiras em setores estratégicos, é vista pelo governo como um desafio diplomático que precisa ser tratado com prudência e firmeza política. Lula reiterou que o Brasil buscará condições justas de comércio internacional, priorizando o fortalecimento das exportações e a valorização da produção nacional.

O encontro entre os dois líderes, previsto para os próximos dias, deve definir os rumos da relação econômica bilateral. De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é que a reunião aproxime as posições e crie um ambiente propício para um acordo comercial mais equilibrado.

A postura de Lula reforça a imagem de um governo disposto ao diálogo, mas atento à defesa dos interesses brasileiros, sobretudo em temas ligados à competitividade, à indústria e à soberania econômica.

Redação Saiba+

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Política

Haddad prefere “ser gastador” a “caloteiro”, diz ministro da Fazenda

Em tom firme, Fernando Haddad defende o pagamento de precatórios e reafirma compromisso com a responsabilidade fiscal

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O ministro Fernando Haddad — Foto: Maria Isabel Oliveira

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira que o governo federal deve manter o pagamento regular dos precatórios, reforçando a importância de preservar a credibilidade financeira do país. Em suas palavras, ele afirmou que prefere “ter a pecha de ter gastado mais do que a de caloteiro”, deixando claro que a prioridade é honrar as dívidas judiciais da União.

Durante o discurso, Haddad criticou a ideia de adiar ou suspender pagamentos de precatórios, classificando tal prática como ilegal, inconstitucional e irracional. Para ele, a postergação desses valores não apenas compromete o equilíbrio fiscal, mas também afeta cidadãos e empresas que aguardam há anos por decisões judiciais transitadas em julgado.

O ministro enfatizou que o governo federal tem condições de cumprir suas obrigações sem recorrer a manobras contábeis. “A União tem capacidade de financiamento e deve dar o exemplo”, disse Haddad, destacando que a credibilidade econômica é construída com previsibilidade e respeito às regras.

A fala ocorre em meio às discussões sobre novas normas de controle de gastos públicos e revisão das regras fiscais. Haddad reforçou que o equilíbrio das contas públicas não deve vir à custa de descumprimentos judiciais, mas por meio de gestão responsável e planejamento de longo prazo.

O posicionamento do ministro foi visto como uma tentativa de consolidar uma imagem de responsabilidade e transparência diante de um cenário de incertezas fiscais. Com a declaração, Haddad sinaliza que o governo busca manter o compromisso com a estabilidade econômica, ainda que enfrente críticas por ampliar despesas em algumas áreas.

Redação Saiba+

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Política

Lula afirma que ‘traficantes são vítimas dos usuários’ ao criticar política de Trump

Em entrevista na Indonésia, presidente brasileiro responsabiliza usuários de drogas e questiona abordagem militar dos EUA

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversa com a imprensa, na Secretaria-Geral da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta, na Indonésia Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou repercussão internacional ao afirmar, durante uma visita à Indonésia, que traficantes “são vítimas dos usuários também”, em uma crítica direta à política de combate ao narcotráfico conduzida pelo governo Donald Trump. Em suas declarações, Lula defendeu que o foco do enfrentamento à droga deve ir além dos fornecedores e abranger a demanda dos consumidores.

Durante a entrevista, o presidente brasileiro apontou que a abordagem militarizada dos EUA, com operações de ataque a rotas de drogas na América Latina, corre o risco de tratar o tráfico como um simples tema de segurança externa, ignorando fatores sociais internos. Ele argumentou que a causa do problema está na demanda por entorpecentes, o que torna os traficantes parte de um sistema impulsionado pelos usuários.

“Os usuários criam o mercado”, afirmou Lula, “os traficantes são vítimas dos usuários também”. A declaração representa uma linha de discurso mais humanitária e centrada em prevenção e política de saúde pública do que na repressão pura. Essa visão contrasta com a retórica de endurecimento defendida por Trump, que defende uso da força e expansão de operações no Caribe e América Latina como estratégia central.

A fala do presidente brasileiro foi interpretada como um posicionamento estratégico de diplomacia comparada, uma vez que Lula aproveitou o cenário para sugerir maior protagonismo de países de renda média no tema das drogas e questionar medidas unilaterais de segurança impostas por grandes potências.

Apesar de não detalhar planos específicos de política pública, o pronunciamento reacende o debate sobre reforma das leis de drogas, investimento em saúde mental e programas de reabilitação, e coloca o Brasil numa rota de menor alinhamento com os EUA no tema.

Redação Saiba+

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